10 Lições dos Últimos 135 Anos Sobre os Efeitos das Tarifas de Trump
Estudo da FDRA alerta para riscos de recessão, inflação e guerra comercial, com paralelos históricos desde a Grande Depressão.
1. Guerras Comerciais Agravam Crises Econômicas
A Lei Smoot-Hawley de 1930, que elevou tarifas médias para 40-60%, é considerada um catalisador da Grande Depressão. Após sua implementação, o comércio global despencou 65%, e o desemprego nos EUA atingiu 25%. Agora, as tarifas “recíprocas” de Trump, que podem chegar a 34% para a China e 20% para a UE, ameaçam repetir esse ciclo, com projeções de queda de 4% no PIB americano e perdas de US$ 1 trilhão em produção .
2. Retaliações Globais São Imediatas
Em 1930, Canadá e Europa responderam com tarifas recíprocas, reduzindo as exportações americanas de US$ 7 bilhões para US$ 2,5 bilhões em dois anos. Hoje, a China já anunciou taxas de 34% sobre produtos dos EUA, e a UE prepara um “plano forte” de retaliação, incluindo suspensão de investimentos .
3. Inflação e Custos para Consumidores
As tarifas de Trump durante seu primeiro mandato aumentaram os preços de produtos como máquinas e eletrônicos em até 30%, custo absorvido principalmente por importadores e consumidores americanos. Agora, a Bloomberg Economics prevê inflação de 2,5% nos EUA em dois anos, com preços de alimentos e energia subindo globalmente .
4. Setores Industriais Divididos
Enquanto siderúrgicas celebram a proteção contra concorrência estrangeira, pequenas empresas alertam para o encarecimento de insumos. No Brasil, a Embraer enfrenta riscos com taxação de 10% em peças, enquanto o setor agrícola busca alternativas na Ásia .
5. Impactos em Cadeias Globais de Valor
A dependência de insumos importados, como semicondutores asiáticos, mostra que tarifas podem paralisar indústrias. A Tesla, aliada de Trump, já pediu cautela, temendo custos com componentes taxados .
6. Falácia da “Reciprocidade”
Trump alega que as tarifas são respostas a desequilíbrios comerciais, mas a fórmula usada (déficit comercial dividido por importações) ignora barreiras não tarifárias. Países como o Reino Unido, sem déficit com os EUA, foram taxados em 10%, revelando inconsistências .
7. Fragilização de Acordos Multilaterais
A paralisia da OMC, agravada por Trump, força países a adotarem medidas unilaterais. O Brasil, por exemplo, aprovou a Lei da Reciprocidade Econômica para retaliar sem autorização da entidade, arriscando escaladas bilaterais .
8. Efeitos em Economias Emergentes
Países como Vietnã e Tailândia, com tarifas de até 75%, enfrentam redução de investimentos. O Brasil, com taxação de 10%, vê oportunidades em substituir exportações americanas, mas teme recessão global .
9. Desinformação e Narrativas Políticas
Trump repete alegações falsas, como a de que a China “pagou” tarifas anteriores (na verdade, custos foram internalizados nos EUA) e exagera impactos do NAFTA, ignorando avanços tecnológicos como causa de perda de empregos .
10. Lição Final: História Não Absolve
Economistas alertam que o protecionismo dos anos 1930 prolongou a depressão e alimentou tensões geopolíticas. Hoje, a combinação de tarifas, incerteza e retaliações pode levar a uma “desestruturação dramática” do comércio global, como define Paulo Gala, da FGV .
Enquanto Trump promete “renascer a indústria americana”, os paralelos históricos sugerem um caminho perigoso. Como afirmou Douglas Irwin, historiador de Dartmouth, as tarifas atuais são “muito maiores que Smoot-Hawley” em escala —