Aumento salarial de 11% para professores PSs e 4% para QPM em fim de carreira, no Paraná, divide opiniões e expõe precarização do funcionalismo público

A precarização do funcionalismo público no Paraná continua a ser um tema de grande relevância, especialmente após o anúncio feito pelo governador Ratinho Júnior e pelo secretário da Educação, Roni Miranda, na última segunda-feira. Durante uma reunião em um hotel de luxo em Foz do Iguaçu, foi divulgado o reajuste salarial para os diretores da rede estadual, que varia entre 4% e 11%, dependendo do nivel da carreira. No entanto, o aumento, longe de ser comemorado, foi recebido com críticas e desânimo por parte da categoria.

Professores em início de carreira, vinculados ao Processo Seletivo Simplificado (PSS), terão um reajuste de 11%, enquanto aqueles em final de carreira receberão apenas 4%. A discrepância entre os percentuais e a defasagem salarial acumulada, que chega a quase 50% nos últimos anos, gerou insatisfação entre os educadores. A situação foi agravada pelo fato de o anúncio ter sido feito em um local considerado inadequado por muitos: um hotel caro, enquanto professores e diretores enfrentam diariamente as dificuldades de um sistema educacional precário.

Durante a reunião, enquanto o secretário Roni Miranda anunciava o reajuste, diretores presentes começaram a compartilhar as informações em grupos de WhatsApp das escolas. A notícia rapidamente se espalhou, gerando debates acalorados. Em um dos grupos, um professor desabafou: “Depois da queda da Dilma e a partir do Temer até o fim do pesadelo do governo Bolsonaro, nós, do funcionalismo público estadual, só acumulamos perdas e derrotas.” Outro educador lembrou que a categoria é a maior do estado, com a maior folha de pagamento entre todas as secretarias, mas questionou: “Somos o maior sindicato do Sul do mundo, mas de que nos adianta?”

A insatisfação não se limita aos percentuais do reajuste. Muitos professores apontam que o aumento não compensa anos de congelamento salarial e perdas acumuladas. Além disso, a forma como o anúncio foi conduzido – em um ambiente considerado inadequado e sem diálogo prévio com a categoria – foi vista como uma falta de respeito. Para muitos, o reajuste parece mais uma “pegadinha de mau gosto” do que uma solução efetiva para os problemas enfrentados pelos educadores.

A situação reflete um cenário mais amplo de precarização do funcionalismo público no Paraná. Enquanto o governo anuncia medidas paliativas, a categoria continua a enfrentar desafios como salários defasados, más condições de trabalho e falta de reconhecimento. O aumento salarial, embora necessário, está longe de resolver os problemas estruturais que afetam os professores e, por consequência, a qualidade da educação no estado.

Enquanto isso, a pergunta que fica é: até quando os funcionários públicos do Paraná terão que esperar por políticas que realmente valorizem suas carreiras e garantam condições dignas de trabalho? O anúncio feito em Foz do Iguaçu pode ter sido um passo, mas, para muitos, ainda está longe de ser o caminho certo.

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