Bloqueio em live do sindicato: Professora questiona cobrança de R$ 2,1 milhões em taxas e exige transparência

Professora é interrompida durante transmissão ao exigir explicações sobre custas administrativas; caso gera debate sobre gestão de recursos na APP Sindicato

Durante uma live promovida pela APP Sindicato na quarta-feira (12), destinada a esclarecer procedimentos judiciais aos professores associados, a educadora Rosângela Schmidt teve seu acesso bloqueado após questionar publicamente os valores cobrados como “custas administrativas”. O episódio, relatado pela própria professora em redes sociais, levantou debates sobre transparência na gestão de recursos do sindicato, que representa milhares de profissionais da educação no Paraná.

O questionamento que resultou em bloqueio

Rosângela indagou sobre a lógica por trás da cobrança de 7% em custas administrativas sobre valores destinados a ações judiciais — taxa que, segundo ela, não teria respaldo em documentos comprobatórios. A professora destacou que as contribuições mensais dos filiados já sustentam a entidade, tornando a taxa adicional questionável.

Em seu relato, ela fez um cálculo impactante:
“Se 30 mil professores pagarem R$ 70,00 cada, a APP arrecadaria R$ 2,1 milhões. Se o valor individual for maior, como R$ 5 mil, o montante seria exorbitante. Eles não souberam explicar de onde vem esse percentual”, criticou.

A situação escalou quando, segundo Rosângela, a dirigente Marlei Fernandes ironizou sua pergunta, acusando-a de “tumultuar” o debate. Minutos depois, a professora foi bloqueada e impedida de interagir.


Transparência em xeque: o que diz a legislação?

Consultas a especialistas em direito sindical, com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), indicam que sindicatos podem cobrar taxas para custear processos, desde que comprovadas com recibos. Entretanto, a alegação de “custas administrativas” genéricas, sem detalhamento, é considerada irregular por entidades como o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Dados de reportagens recentes revelam que a APP Sindicato já enfrentou críticas semelhantes em 2022, quando professores questionaram a falta de prestação de contas detalhada sobre gastos com ações judiciais. À época, a entidade afirmou que “todas as despesas são auditadas”, mas não disponibilizou documentos públicos.


Rosângela Schmidt promete pressionar por respostas

Em nota veicula e compartilhada num grupo de whatsapp por um outro professor e assinada pelo educadora após o ocorrido, a professora afirmou que continuará exigindo transparência:
“Enquanto não houver acesso aos comprovantes, vou levar esse debate para as escolas e núcleos regionais. Vivemos numa democracia, não numa autocracia”, declarou. Ela propõe que o sindicato realize assembleias presenciais em todas as regionais para esclarecer critérios das cobranças.


Contexto: A discussão ocorre em um momento sensível para entidades sindicais, que, desde a reforma trabalhista de 2017, enfrentam redução no número de filiados. Transparência na gestão tornou-se um fator crítico para manter a confiança da base.

Para saber mais: Professores interessados em acessar processos judiciais citados podem consultar o sistema online do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), onde ações sindicais são públicas.

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