Em uma declaração recente que repercutiu nas redes sociais e na mídia, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, foi “torturado” para delatá-lo no contexto de uma delação premiada. Bolsonaro, que tem sido alvo de investigações em diversos fronts, sugeriu que Cid foi “obrigado a falar certas coisas” durante o processo de negociação com as autoridades.
A declaração foi feita durante uma entrevista informal, na qual Bolsonaro não apresentou provas concretas para sustentar a acusação de tortura. Ele afirmou que o tratamento dado a Cid foi “injusto” e que o militar foi pressionado a fornecer informações que comprometessem o ex-presidente. “Todo mundo sabe que, em situações como essa, as pessoas são levadas ao limite para dizer o que querem ouvir”, disse Bolsonaro.
Mauro Cid, que foi preso em maio de 2023 no âmbito da Operação Venire, da Polícia Federal, colaborou com as investigações sobre supostas irregularidades durante o governo Bolsonaro, incluindo a suspeita de falsificação de certificados de vacinação contra a COVID-19. A delação premiada de Cid tem sido considerada um dos pilares para o avanço das investigações, que envolvem também esquemas financeiros e supostos favorecimentos ilícitos.
Especialistas em direito penal ouvidos pela imprensa destacaram que a acusação de tortura é grave e precisa ser comprovada com evidências sólidas. “Alegar tortura sem apresentar provas pode ser interpretado como uma estratégia para descreditar as investigações”, afirmou um jurista, que preferiu não se identificar.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal ainda não se pronunciaram sobre as declarações de Bolsonaro. Enquanto isso, a defesa de Mauro Cid também não comentou as acusações de tortura, limitando-se a reiterar que o militar está cumprindo sua parte no acordo de colaboração premiada.
A polêmica em torno das declarações de Bolsonaro reacende o debate sobre os limites da justiça e a credibilidade das delações premiadas no Brasil. Enquanto alguns apoiadores do ex-presidente defendem que há um suposto “conluio” contra ele, críticos argumentam que as acusações são uma tentativa de desviar o foco das investigações.
O caso continua a gerar discussões acaloradas, com expectativa de novos desdobramentos nos próximos dias. A sociedade aguarda respostas concretas das autoridades envolvidas, enquanto o cenário político permanece em ebulição.