Fortaleza, CE – Em um marco para a educação e a inclusão social, o Ceará realizou, no dia 3 de abril de 2024, o primeiro vestibular exclusivo para povos indígenas do estado. A iniciativa, promovida pela Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará (Sepince) em parceria com a Unifametro, ofereceu bolsas de estudo integrais a três estudantes indígenas, selecionados por meio de uma prova que valorizou saberes tradicionais e contemporâneos.
Contexto e Detalhes da Prova
O processo seletivo, inédito no Nordeste, foi elaborado para garantir acesso equitativo ao ensino superior, com questões que integraram conhecimentos gerais e aspectos culturais das comunidades indígenas. De acordo com dados complementares do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), apenas 0,7% dos indígenas brasileiros com mais de 18 anos possuem diploma universitário, o que reforça a importância de políticas afirmativas como essa.
A Sepince destacou que o edital priorizou etnias cearenses, como os Tapeba, Kariri, Pitaguary e Jenipapo-Kanindé, mas também aceitou inscrições de indígenas residentes no estado há mais de cinco anos. A prova foi aplicada no campus da Unifametro em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, e contou com a participação de dezenas de candidatos.
Bolsas e Cursos Oferecidos
Os três aprovados conquistaram vagas em cursos como Direito, Enfermagem e Psicologia, áreas escolhidas pelas comunidades por seu potencial de impacto social. A reitoria da Unifametro ressaltou que, além da gratuidade, os estudantes terão acesso a programas de acompanhamento acadêmico e psicológico, visando reduzir a evasão — desafio comum em graduações com alunos indígenas, segundo relatórios do Ministério da Educação (MEC).
Declarações e Impacto Social
Em entrevista ao portal O POVO, Weibe Tapeba, secretário executivo da Sepince, afirmou: “Essa é uma vitória coletiva. Estamos rompendo barreiras históricas e mostrando que a universidade também é um espaço para os povos originários”. Já a reitora da Unifametro, Alice Sousa, enfatizou o compromisso da instituição com a diversidade: “Educação transformadora só existe quando é para todos”.
Perspectivas Futuras
A iniciativa deve servir de modelo para outros estados. Dados do Censo da Educação Superior revelam que, entre 2010 e 2023, o número de indígenas matriculados em universidades públicas e privadas saltou de 32 mil para 89 mil, impulsionado por políticas de cotas. No Ceará, a Sepince planeja ampliar o número de bolsas e incluir novos cursos na próxima edição do vestibular, prevista para 2025.
Por Que Este Assunto é Relevante?
Além de combater desigualdades históricas, o acesso à educação superior fortalece a autonomia das comunidades indígenas, permitindo que lideranças formadas atuem em defesa de direitos territoriais, saúde e preservação cultural. A iniciativa cearense já repercutiu nacionalmente, sendo destacada por organizações como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Palavras-chave: vestibular indígena, inclusão educacional, Unifametro, Sepince, povos originários Ceará.
Fontes consultadas: O POVO, Inep, MEC, Apib. Para mais informações, acesse o portal da Sepince.