Conflito no Paraná: Indígenas Avá-Guarani são alvejados em disputa territorial

Na noite de sexta-feira, 3 de janeiro de 2025, quatro indígenas Avá-Guarani foram baleados em um ataque ocorrido na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, situada entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná. Entre os feridos, uma criança de sete anos e um adolescente que, após atendimento médico, já receberam alta hospitalar. Outras duas vítimas permanecem internadas em estado grave.

O ataque ocorreu por volta das 21 horas, quando homens armados dispararam contra a comunidade indígena próxima ao bairro Eletrosul, em Guaíra. As vítimas foram socorridas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e encaminhadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local. A Polícia Federal (PF) iniciou investigações para apurar a autoria e responsabilidade criminal dos envolvidos. Peritos criminais federais realizaram perícia no local do conflito na manhã seguinte.

Em resposta à escalada de violência, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mobilizou agentes da Força Nacional para reforçar o patrulhamento e proteger a comunidade indígena. O efetivo foi aumentado em 50%, com equipes de prontidão para intensificar a segurança na área e auxiliar na relocação de moradores para zonas mais protegidas dentro da aldeia.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciaram que os Avá-Guarani vêm sofrendo ataques na região de Guaíra desde 29 de dezembro de 2024. Relatos indicam que homens encapuzados têm invadido a comunidade Yvy Okaju (antigo Y’Hovy), na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, queimando barracos, disparando armas de fogo e lançando bombas contra os indígenas, que aguardam a conclusão da demarcação de suas terras. Ao menos seis indígenas já teriam sido feridos por disparos de armas de fogo ao longo desses últimos sete dias, incluindo uma criança de quatro anos.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) condenou os atos de violência contra o povo Avá-Guarani e afirmou estar acompanhando a situação por meio do seu Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, em diálogo com o MJSP para a investigação imediata dos grupos armados que atuam na região. O MPI destacou que os Avá-Guarani são impactados pela invasão de não indígenas em seu território desde a década de 1930, além de serem gravemente afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu nos anos 1980.

A situação na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá reflete a complexa e histórica disputa por terras na região, com indígenas reivindicando áreas devido ao alagamento causado pela construção da Usina de Itaipu, enquanto agricultores locais também cobram direitos sobre essas terras. A presença da Força Nacional na região, autorizada desde novembro de 2024, visa evitar atos de violência contra os indígenas mobilizados pela garantia de seus direitos territoriais.

As investigações continuam, e as autoridades buscam identificar e responsabilizar os autores dos ataques, enquanto medidas são tomadas para garantir a segurança das comunidades indígenas na região.

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