Uma intervenção policial durante uma gravação cinematográfica no bairro de Cosme de Farias, em Salvador, terminou com dois atores baleados na noite de domingo (10). Segundo a Polícia Militar, os agentes não foram informados sobre a filmagem e afirmaram ter se deparado com “dez indivíduos armados”, reagindo após supostos disparos. Um homem foi detido com duas réplicas de pistola, mas a produção do filme contesta a versão, alegando que a ação ocorreu após o fim das gravações.
Detalhes do Confronto:
De acordo com o diretor do grupo Fatos de Favela, responsável pela produção, a equipe já havia desmontado o set e retirado os banners que sinalizavam a atividade artística quando os policiais chegaram. “Estávamos guardando os equipamentos. As réplicas estavam visíveis, mas eram claramente falsas”, explicou. Os dois atores feridos, cujos nomes não foram divulgados, passam por tratamento médico e estão estáveis.
Polícia Alega “Invisibilidade” da Produção:
A PM emitiu nota destacando que não houve comunicação prévia sobre a gravação, prática recomendada para evitar conflitos. “Nossos agentes agiram conforme protocolo diante de uma cena interpretada como ameaça real”, justificou a corporação. Entretanto, coletivos culturais e moradores criticam a falta de diálogo: “É comum filmagens aqui. Como não viram as câmeras?”, questionou uma fonte local em redes sociais.
Contexto Ampliado:
Incidentes similares já ocorreram no Brasil. Em 2020, no Rio de Janeiro, policiais interromperam uma gravação ao confundir armas de brinquedo com reais. Especialistas em segurança pública ressaltam a necessidade de integração entre artistas e autoridades para prevenir tragédias. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que 76% das ocorrências com disparos policiais em 2022 ocorreram em áreas periféricas, como Cosme de Farias.
Repercussão e Cobranças:
O caso gerou revolta nas redes, com hashtags como #CinemaNãoÉCrime viralizando. A Secretaria de Cultura da Bahia prometeu apurar falhas na comunicação, enquanto a Defensoria Pública cobra transparência na investigação. O grupo Fatos de Favela, conhecido por retratar histórias de comunidades, anunciou que continuará o projeto: “A arte não vai parar, mas exigimos respeito”, declarou o diretor.
Atualização: A PM informou que o detido foi liberado após confirmarem que as armas eram réplicas. O inquérito apura se houve excesso na ação policial.
(Créditos: Reportagem ampliada com dados de fontes públicas e redes sociais)