Estudo da UNAS e denúncias de moradores expõem crise ambiental e educacional em São Paulo
Um estudo realizado pela UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região) sobre contaminação nas áreas do Cingapura e da Cohab, em Heliópolis, Zona Sul de São Paulo, ganhou repercussão internacional após ser destacado pelo jornal alemão Deutsche Welle (DW). A pesquisa, conduzida ao longo dos últimos dois anos, aponta para riscos ambientais e à saúde pública, enquanto moradores e responsáveis por alunos da EMEF Péricles Eugênio denunciam o fechamento abrupto da escola em meio à crise.
Contaminação e impactos à comunidade
De acordo com o relatório da UNAS, amostras de solo e água coletadas na região apresentaram níveis alarmantes de substâncias tóxicas, possivelmente vinculadas a resíduos industriais e má gestão de resíduos urbanos. Moradores relatam casos recorrentes de problemas respiratórios, alergias e irritações na pele, principalmente em crianças. Dados complementares de órgãos ambientais, disponíveis em plataformas online, indicam que a área está entre as mais críticas da cidade em termos de qualidade do ar.
Fechamento da escola mobiliza pais e alunos
O fechamento da EMEF Péricles Eugênio, em 2022, agravou a tensão local. A dona de casa Cinthia Cristina Vieira, 45, mãe de Enzo e Lauryn, de 12 e 9 anos, descreve o caos do dia da desativação: “Foi tudo da noite para o dia. As professoras pegaram as coisas às pressas, não deu tempo de tirar nada de lá”. A escola, que atendia centenas de crianças, foi interditada sem aviso prévio, obrigando famílias a rematricularem estudantes em unidades distantes.
Repercussão internacional e cobranças
A cobertura da DW amplificou o debate, vinculando o caso a um contexto global de desigualdade ambiental. Em matérias online, o veículo destacou a falta de transparência das autoridades locais e a lentidão na descontaminação da área. Procurada, a Prefeitura de São Paulo afirmou, em nota pública, que “investiga as denúncias e trabalha para realocar os alunos afetados”, mas não comentou prazos para soluções definitivas.
O que dizem os especialistas?
Ambientalistas consultados para esta reportagem reforçam a urgência de intervenções. “Áreas como Heliópolis sofrem com a invisibilidade. É essencial cruzar dados técnicos com as vozes da comunidade”, afirma Maria Lúcia Santos, geógrafa da USP. Enquanto isso, moradores organizam abaixo-assinados e protestos, exigindo respostas concretas.