Cristo Redentor é interditado após morte de turista: falta de Posto Médico expõe falha na fiscalização

O Cristo Redentor, um dos principais cartões-postais do Brasil, foi interditado para visitação nesta semana após a morte de um turista brasileiro de 65 anos, vítima de uma parada cardíaca no local. O caso revelou a ausência de um posto médico fixo no monumento, levantando críticas sobre a responsabilidade pela fiscalização de serviços essenciais no local. O Santuário Cristo Redentor, que administra o espaço, atribuiu a falha ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão do Parque Nacional da Tijuca, onde o monumento está inserido.

Turista não teve atendimento imediato
De acordo com relatos, o turista, natural de Minas Gerais, passou mal durante a visita na semana passada. Como não há posto de saúde ou equipe médica permanente no local, os visitantes precisaram acionar o Corpo de Bombeiros, que chegou 30 minutos após o ocorrido. O homem não resistiu e foi declarado morto no hospital. A interdição foi anunciada no dia seguinte, com o santuário alegando “impossibilidade de garantir segurança mínima aos visitantes”.

Santuário responsabiliza ICMBio
Em nota oficial, o Santuário Cristo Redentor afirmou que, desde 2021, solicita ao ICMBio a implementação de um posto médico fixo e a fiscalização regular de serviços como ambulância e equipe de primeiros socorros. “A obrigação de prover infraestrutura de emergência é do órgão ambiental, conforme termo de compromisso firmado”, destacou a administração. O ICMBio, por sua vez, não se pronunciou oficialmente até o fechamento desta matéria.

Falta de estrutura em um dos pontos mais visitados do país
O Cristo Redentor recebe cerca de 2 milhões de visitantes por ano, segundo dados pré-pandemia, e integra a lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO. A ausência de suporte médico em um local de grande fluxo turístico surpreendeu especialistas. “Monumentos dessa magnitude, especialmente em áreas de difícil acesso, precisam ter protocolos de emergência rígidos. Meia hora sem atendimento pode ser fatal, como infelizmente vimos”, comentou a médica Ana Cláudia Torres, especialista em saúde pública da UFRJ.

Secretaria de Turismo e Defesa Civil são acionadas
A Prefeitura do Rio informou que a Secretaria Municipal de Saúde não é responsável pelo atendimento dentro do parque, mas destacou que está colaborando com as investigações. Enquanto isso, o Santuário negocia a contratação de uma ambulância particular para viabilizar a reabertura. A Defesa Civil do Rio realizou vistoria nesta quinta-feira (25) e condicionou a liberação do acesso à instalação de, pelo menos, um equipamento de primeiros socorros e treinamento de funcionários.

Repercussão e alerta a turistas
O caso gerou comoção nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a infraestrutura em pontos turísticos brasileiros. Enquanto o impasse persiste, turistas são orientados a evitar o local. Quem tinha ingressos marcados será reembolsado ou poderá remarcar a visita.

Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que “monitora a situação e cobra soluções integradas entre os entes responsáveis”.

Contexto histórico:
Esta não é a primeira vez que a falta de infraestrutura no Cristo Redentor gera polêmica. Em 2018, uma turista francesa também precisou ser resgatada de helicóptero após sofrer um mal súbito, episódio que já havia levantado alertas sobre a necessidade de melhorias.

O que diz a lei?
De acordo com o Estatuto do Turismo (Lei 11.771/08), pontos de grande circulação devem oferecer condições mínimas de segurança e saúde pública. Especialistas apontam que a falta de clareza sobre a divisão de responsabilidades entre União, estado e município contribui para falhas como a do Cristo.

Enquanto o Cristo Redentor permanece fechado, o Rio perde um de seus principais símbolos – e o Brasil enfrenta mais um desafio para preservar sua imagem internacional como destino turístico seguro.

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