Em discurso emocionado durante sessão solene na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (19), o ex-presidente José Sarney destacou o papel transformador da democracia no Brasil. “A democracia mudou o Brasil”, declarou, ao lembrar que o sistema político permitiu que, pela primeira vez na história, um operário chegasse à Presidência da República — referência direta a Luiz Inácio Lula da Silva, presente no plenário.
O evento, que marcou os 40 anos da redemocratização, reuniu líderes de diversos partidos. Sarney, primeiro presidente civil após o regime militar (1964-1985), enfatizou avanços históricos: “Foi a democracia que permitiu que um homem simples, metalúrgico e sindicalista, se tornasse presidente e governasse o maior país da América Latina por três mandatos”. A fala foi recebida com aplausos, enquanto Lula erguia o punho cerrado em gesto simbólico.
Contexto histórico e dados complementares
Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e relatórios do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) corroboram a tese: desde 1985, mais de 160 milhões de brasileiros passaram a integrar o eleitorado, com aumento de 450% no número de votantes. A Constituição de 1988, promulgada durante o governo Sarney, ampliou direitos sociais e estabeleceu eleições diretas, pavimentando o caminho para as vitórias de Lula (2002) e de outros líderes de origens diversas.
Lula como símbolo e os desafios atuais
Analistas políticos ouvidos pela Agência Brasil destacam a importância do recado de Sarney em um contexto de polarização. “Lula personifica a ascensão democrática das classes marginalizadas, mas também expõe tensões estruturais que persistem”, afirma a cientista política Carla Araújo, da UFRJ. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que, apesar dos avanços, apenas 3% dos cargos executivos nacionais são ocupados por trabalhadores manuais.
Legado e alertas
Sarney, de 93 anos, fez um apelo pela união nacional: “A democracia é o oxigênio da sociedade. Mesmo com seus defeitos, é o único sistema que garante a alternância de poder sem sangue”. A declaração ecoa preocupações com recentes ataques às instituições, como os atos golpistas de 8 de janeiro.
A sessão terminou com um minuto de silêncio pelos mortos na ditadura e com um chamado à defesa do Estado Democrático de Direito — mensagem que ganhou repercussão nas redes sociais, com a hashtag #DemocraciaSemRetorno liderando os trending topics do Twitter.
Com informações de Agência Brasil, TSE e arquivos históricos do Congresso Nacional.