Escândalo no PDE 2025: ‘candidato fantasma’ com nota máxima abala Secretaria de Educação do PR; a denuncia já está no Ministério Público Estadual

Deputado Requião Filho (PT) aciona MP e exige transparência após servidor ter sido aprovado sem constar em lista oficial; Consulplan alega “falha técnica”, mas suspeitas de fraude ganham força.


A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) enfrenta uma crise de credibilidade após denúncias de irregularidades no processo seletivo do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2025, que oferece formação continuada a professores da rede pública. O caso, inicialmente revelado pelo jornal O Expresso BR, ganhou repercussão nacional nesta semana após o deputado estadual Requião Filho (PT) acionar o Ministério Público do Paraná (MP-PR) para investigar a aprovação de um alto funcionário da própria Seed-PR em etapas do concurso, mesmo sem ele constar na lista oficial de inscritos.

O “candidato fantasma” e as inconsistências

O servidor em questão, chefe do Departamento de Educação Profissional da Seed-PR, obteve nota 80 na prova objetiva (14 de janeiro) e nota 100 na prova didática (5 de março), conforme resultados preliminares divulgados pelo Instituto Consulplan, responsável pelo certame. Porém, seu nome não apareceu no edital de homologação das inscrições, publicado em 9 de dezembro de 2024, e não havia registro de local de prova vinculado ao seu CPF. A ausência de informações oficiais sobre sua participação levantou suspeitas de “inclusão irregular” após o prazo legal.

Requerimento ao MP e cobrança de transparência

Em entrevista nessa segunda-feira (11), Requião Filho destacou que o caso fere princípios básicos da administração pública, como isonomia e impessoalidade:

“Como um candidato não inscrito foi avaliado? A Seed-PR precisa explicar por que um servidor foi beneficiado com notas máximas sem seguir as regras do edital. Isso desmoraliza professores que se prepararam meses para o processo”, afirmou o parlamentar, que protocolou um pedido formal de investigação ao MP.

O PDE 2025 oferece 2 mil vagas para professores das classes 8 a 11 da rede estadual, com carga horária remunerada. A seleção é considerada estratégica para a qualificação docente, mas o suposto favorecimento alimentou críticas nas redes sociais, onde a hashtag #PDEfraude viralizou.

Resposta da Consulplan gera mais polêmica

Em nota, o Instituto Consulplan atribuiu o erro a uma “falha na atualização da base de dados”, alegando que a sincronização entre os sistemas do governo não ocorre em tempo real. A empresa também afirmou que “inclusões pontuais de candidatos após a homologação são comuns” — argumento rejeitado pelo deputado:

“Se o edital permite alterações posteriores, qual é a garantia de lisura? Não podemos normalizar exceções que favorecem quem tem acesso a informações privilegiadas”, rebateu Requião Filho.

Contexto do PDE e impacto no magistério

Criado em 2007, o PDE é um dos principais programas de capacitação de professores do Paraná, com atividades presenciais e à distância. A formação inclui bolsas de estudo e redução de carga horária em sala de aula. Em 2023, o governo investiu R$ 42 milhões no programa, segundo dados oficiais.

Próximos Passos

O MP-PR deve analisar se houve violação do princípio da publicidade e uso indevido de cargo público. Enquanto isso, a Seed-PR ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. Professores inscritos no PDE organizam um abaixo-assinado para exigir a anulação do processo e abertura de nova seleção.

À espera de respostas:
O silêncio da Secretaria de Educação e a justificativa da Consulplan ampliam a desconfiança. Para a categoria docente, o episódio reflete um padrão de “privilégios a cargos comissionados”, como destacou uma professora que preferiu não se identificar: “Isso mostra que, para alguns, as regras são flexíveis. E para nós, só resta lutar por justiça”.


Créditos: Com informações de O Expresso BR e apuração adicional.

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