Manifestações históricas denunciam cortes sociais, tarifas comerciais e autoritarismo. Movimento “Tire as Mãos” ganha apoio global e pressiona por retomada democrática.
Em um dos maiores levantes populares desde sua posse, Donald Trump enfrentou neste mês protestos massivos em todos os 50 estados dos EUA, com adesão em mais de 750 cidades americanas e apoio internacional em capitais como Paris, Berlim e Londres. Os atos, organizados sob o lema “Tire as Mãos”, criticam a agenda do governo republicano, acusado de promover cortes em serviços públicos, ampliar tarifas comerciais e ameaçar direitos civis. A mobilização, que reuniu centenas de milhares de pessoas, marca um ponto de inflexão na resistência contra o segundo mandato de Trump .
O grito das ruas: Da seguridade social à repressão acadêmica
Os manifestantes carregavam cartazes com frases como “Não é meu presidente!”, “O fascismo chegou” e “Tirem as mãos da nossa Previdência”, refletindo o descontentamento com políticas que afetam desde programas sociais até a liberdade acadêmica. Jane Ellen Saums, 66 anos, participante em Washington, resumiu o clima: “Tudo está sendo atropelado, do meio ambiente aos direitos pessoais” .
A repressão a estudantes internacionais também virou símbolo da crise. Casos como o de Rumeysa Ozturk, detida no Massachusetts após criticar a política em Gaza, e Mahmoud Khalil, preso em Nova York por protestos pró-Palestina, acenderam alertas sobre a criminalização de dissidentes. Universidades como Harvard resistem às exigências do governo de monitorar “hostilidade a valores americanos”, enquanto mais de 1.300 estudantes tiveram vistos revogados desde março .
Elon Musk: O bilionário no olho do furacão
A aliança de Trump com Elon Musk, que assumiu um papel central no Departamento de Eficiência Governamental, foi amplamente criticada. Manifestantes em frente a concessionárias da Tesla em Denver e Berlim exigiam o fim da “oligarquia” e denunciavam demissões em massa. “Musk não foi eleito por ninguém. Estão destruindo o Estado de direito”, declarou uma manifestante em Nova York .
Cenário global e queda na aprovação
A insatisfação ultrapassou fronteiras. Em Londres, cartazes pediam “Mãos fora da Ucrânia e do Canadá”, criticando a ambição de Trump de anexar territórios. Enquanto isso, pesquisas revelam que a aprovação do presidente caiu para 43%, o menor índice desde janeiro, com apenas 37% apoiando sua gestão econômica .
A Casa Branca minimizou os protestos, afirmando que Trump “protege programas sociais para americanos legítimos”. Já o assessor Tom Homan ironizou: “Protestem à vontade. Não mudarão os fatos” .
O impacto nas urnas
A onda de protestos coincide com revéses políticos para Trump. Em Wisconsin, a vitória da juíza progressista Susan Crawford sobre um candidato apoiado por Musk mostrou fissuras no apoio popular. Democratas veem aqui um sinal para as eleições de 2026, enquanto o senador Cory Booker bateu recorde de discurso no Senado (25 horas) contra as tarifas comerciais, que já causaram rupturas com aliados como o Canadá .
Conclusão: um gigante adormecido acordou?
“Despertamos um gigante adormecido”, declarou o ativista Graylan Hagler, 71 anos, em Washington. Com slogans que ecoam a Revolução Americana, como “Sem reis, sem tirania!”, o movimento sinaliza que a oposição está se reorganizando. Resta saber se a pressão das ruas conseguirá frear uma administração que, até agora, mantém o apoio de sua base, mas enfrenta desafios sem precedentes .