Presidente Lula anuncia medida que beneficia 15 milhões de brasileiros, enquanto oposição articula resistência; Boulos convoca mobilização popular
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta semana a proposta de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais, medida que promete impactar diretamente cerca de 15 milhões de brasileiros, segundo projeções do Ministério da Fazenda. A iniciativa, que integra o pacote de reformas tributárias em discussão, busca aliviar a carga fiscal sobre a classe média baixa e retomar políticas de redistribuição de renda. No entanto, a reação de setores da oposição, principalmente aliados do bolsonarismo, acendeu o debate sobre os rumos do projeto no Congresso.
Contexto e detalhes da proposta
Atualmente, a isenção do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) vigente no Brasil se aplica a rendimentos de até R$ 2.112 mensais. Com a nova medida, o limite saltaria para R$ 5 mil, ampliando significativamente o número de beneficiários. Dados do IBGE indicam que 68% dos trabalhadores formais recebem até dois salários mínimos (R$ 2.824), o que mostra que a mudança pode incluir também parte da classe média, especialmente em regiões com custo de vida mais alto.
Especialistas ouvidos pela imprensa destacam que a medida pode injetar até R$ 10 bilhões por ano na economia via consumo interno, mas alertam para o desafio fiscal. “É uma política social relevante, porém é preciso compensar a renúncia de arrecadação com ajustes em outras áreas”, afirmou Elena Landau, economista e ex-integrante do governo FHC.
Oposição se organiza e base governista contra-ataca
Líderes bolsonaristas, como o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), já manifestaram resistência ao projeto, classificando-o como “populista” e “eleitoreiro”. Em redes sociais, aliados de Jair Bolsonaro argumentam que a medida pressionaria ainda mais os gastos públicos e defendem a manutenção do teto de gastos.
Do outro lado, parlamentares da base governista e movimentos sociais, como o MTST, liderado pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), defendem a urgência da proposta. Em publicação nas redes sociais, Boulos alertou: “A corja bolsonarista já está se articulando contra o projeto. Precisamos responder com mobilização nas ruas e pressionar o Congresso”. O psolista reforçou a importância da pressão popular para evitar o que chamou de “sabotagem” da oposição.
Próximos passos e expectativas
A proposta deve ser enviada ao Congresso Nacional nas próximas semanas, onde enfrentará um plenário dividido. Analistas políticos avaliam que o governo precisará negociar com partidos de centro e até mesmo com dissidentes do bloco conservador para garantir os votos necessários. Enquanto isso, entidades sindicais e centrais como a CUT já anunciaram atos públicos em defesa da isenção, marcando o início de uma batalha que promete esquentar o cenário político nas próximas semanas.
O recado final: Em um cenário de polarização, a discussão sobre a isenção do IR reforça a disputa entre duas visões de Estado: uma que prioriza o alívio imediato para a população de baixa renda e outra que defende o rigor fiscal como caminho para o equilíbrio econômico. A mobilização popular, como destacou Boulos, parece ser a peça-chave para definir o vencedor desse embate.