Jogo de poder em 2026: Lula mira Ratinho Junior como trunfo para dividir a direita e reverter isolamento político

(Seção Contexto Anterior – O Expresso BR já abordou)
Como destacado em reportagem anterior do Expresso BR (“Alianças sob pressão: os desafios de Lula no Congresso frente a nova onda conservadora”, ), o Palácio do Planalto enfrenta resistência histórica para aprovar reformas em um Legislativo dominado por centrão e direita. Agora, a estratégia ganha contornos eleitorais.


Em meio a um cenário de queda de popularidade e pressão de governadores conservadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreende ao articular uma aliança de alto risco com um dos nomes mais influentes da direita moderada: o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). Fontes próximas ao Planalto confirmaram ao Expresso BR que a proposta em discussão é oferecer ao paranaense a vaga de vice na chapa presidencial petista em 2026, mesmo que Lula não dispute a reeleição.

Os motivos da jogada:

  • Rejeição recorde no Nordeste: Pesquisa IPEC de maio/2024 aponta que a aprovação de Lula caiu 12 pontos na região em um ano, chegando a 44%.
  • Ascensão da direita: Dos 27 governadores, 15 são de partidos de centro-direita ou direita, incluindo nomes como Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), que lideram agendas anti-PT.
  • O fator Ratinho Junior: Com 76% de aprovação no Paraná (segundo Instituto Paraná Pesquisas), o governador é peça-chave para atrair eleitores moderados. Seu partido, o PSD, tem 43 deputados federais – a segunda maior bancada.

A estratégia por trás da cortina:
Segundo analistas consultados pelo Expresso BR, a aproximação com Ratinho Junior visa “quebrar a unidade oposicionista”, como explica o cientista político Carlos Melo (Insper). “O PSD é um partido ponte. Se Lula consegue cooptá-lo, enfraquece a aliança natural com o PL de Bolsonaro e cria um novo eixo pragmático”, avalia.

Riscos e contradições:
A articulação enfrenta resistências internas. Setores do PT criticam a “aliança com herdeiro político da família Ratinho”, dona do Grupo Paranaense de Comunicação (RPC), que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Já no Paraná, aliados do governador temem desgaste: “Ele é popular por ser gestor, não por ser petista”, alerta um deputado estadual do PSD sob anonimato.

Próximos capítulos:
O Planalto aguarda sinal verde de Ratinho Junior, que mantém discurso ambíguo: “Meu foco é o Paraná, mas política é dinâmica”, declarou na última quinta-feira (20). Enquanto isso, Lula acelera a “agenda transversal”, como o envio de verbas para obras no Sul via PAC – região onde o PT teve os piores resultados em 2022.

(Box de Dados – Fonte: Poder360)

  • 62% dos brasileiros rejeitam candidatura petista sem Lula em 2026 (Datafolha, junho/2024).
  • O PSD controla 1.227 prefeituras, maior número entre siglas não-lideradas por Bolsonaro ou Lula.

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