Peixe-Leão: ameaça submersa coloca ecossistemas e banhistas em alerta

Com cores vibrantes e espinhos venenosos, o peixe-leão (Pterois volitans) conquista olhares, mas esconde um risco iminente. Originário dos oceanos Índico e Pacífico, essa espécie invasora se alastrou pelo Caribe, Golfo do México e até pelo litoral brasileiro, desequilibrando ecossistemas e representando perigo para humanos. Entenda por que especialistas consideram sua presença uma “bomba-relógio” ambiental.

Invasão Silenciosa, Impacto Explosivo
Introduzido acidentalmente no Atlântico na década de 1980, possivelmente por soltura em aquários, o peixe-leão não encontrou predadores naturais nas novas regiões. Com reprodução acelerada – uma fêmea produz até 30 mil ovos a cada 4 dias –, a espécie domina recifes, devorando crustáceos e peixes jovens. Estudos apontam que, em alguns locais, sua presença reduziu até 80% das populações nativas, ameaçando a biodiversidade e a pesca comercial.

“No Brasil, já há registros do Amapá à Bahia. Ele se adapta rápido a diferentes profundidades, o que facilita a invasão”, alerta Maria Eduarda Lacerda, bióloga marinha da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Risco aos Humanos: Veneno e Falta de Informação
Além do impacto ecológico, o peixe-leão carrega espinhos dorsais que injetam neurotoxinas. A picada causa dor intensa, inchaço e, em casos raros, paralisia respiratória. Apesar de não ser letal para adultos saudáveis, idosos e crianças estão mais vulneráveis. Em 2023, o Corpo de Bombeiros do RN registrou 12 acidentes envolvendo a espécie em praias potiguares.

“A maioria dos casos ocorre quando banhistas ou mergulhadores tentam tocá-los, atraídos pela beleza. É crucial evitar contato”, reforça o médico toxicologista Carlos Freitas, da Fiocruz.

Combate à Invasão: Caça, Prato e Conscientização
Países como EUA e México incentivam a caça organizada do peixe-leão. No Caribe, mergulhadores recebem treinamento para capturá-los com segurança, e restaurantes transformaram a espécie em iguaria – sua carne é branca, magra e não é venenosa. No Brasil, iniciativas similares começam a surgir: projetos como o “Lionfish Brasil” mapeiam a invasão e ensinam pescadores a manusear o animal.

Ainda assim, especialistas destacam a necessidade de políticas públicas. “Sem controle, em uma década teremos colapsos em cadeias alimentares inteiras, afetando até nossa economia”, adverte Lacerda.

O que Fazer se Encontrar um Peixe-Leão?

  • Não toque no animal, mesmo que pareça morto.
  • Em caso de acidente, lave o local com água quente (não fervente) para neutralizar a toxina e busque atendimento médico.
  • Denuncie avistamentos a órgãos ambientais ou projetos de monitoramento.

Enquanto o peixe-leão avança, a resposta depende de ciência, cooperação e, sobretudo, da conscientização de que beleza, na natureza, nem sempre é sinônimo de harmonia.

Fontes consultadas: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Projeto Lionfish Brasil, Fiocruz, Universidade Federal do Ceará (UFC).

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