Pesadelo em LA: Fotógrafo Brasileiro Relata Terror em Meio a Protestos Violentos e o Medo de Perder a Orelha


Em um cenário de crescentes tensões e confrontos violentos nas ruas de Los Angeles, o fotógrafo brasileiro Apu Gomes, de 41 anos, viveu momentos de terror que ele jamais esquecerá. Cobrindo os intensos protestos contra a política anti-imigração e, posteriormente, as manifestações generalizadas que explodiram na cidade, Gomes relatou ter sentido um impacto tão forte que pensou ter perdido a orelha em meio à fumaça e explosões.
O incidente, que chocou o profissional e ilustra a perigosa realidade dos jornalistas em zonas de conflito urbano, ocorreu quando uma bomba de gás explodiu perigosamente perto de sua cabeça. “Uma bomba explodiu ao lado do meu ouvido. Achei que tivesse perdido a orelha”, desabafou Gomes, em entrevista à BBC News Brasil. Ele só percebeu a dimensão do que havia acontecido e que, felizmente, não estava gravemente ferido quando uma mulher se aproximou e confirmou que ele não estava sangrando.
Os protestos, que têm sido palco de embates entre manifestantes e a polícia, se intensificaram em bairros predominantemente hispânicos, onde bombas de gás têm invadido até mesmo residências. Gomes, que é fotógrafo da Getty Images, documentou cenas de jovens que saíram de casa com seus pais para testemunhar os acontecimentos, muitas vezes com medo de se identificar devido à perseguição. Ele também registrou a utilização de leite pelos manifestantes para aliviar a ardência causada pelo gás, uma técnica comum em situações de dispersão.
A violência não se restringe a balas de borracha e gás lacrimogêneo. Manifestantes, em alguns casos, utilizam fogos de artifício, paus e pedras para atacar a polícia. Em um dos dias de confronto, bancos de metal em frente à prefeitura foram arrancados para formar barricadas e serem arremessados contra as forças de segurança.
A situação em Los Angeles, e nos Estados Unidos de forma mais ampla, tem gerado preocupação com a segurança de profissionais da imprensa. Apu Gomes, inclusive, revelou que, em outra ocasião, policiais fizeram um cordão de isolamento que impediu a passagem de jornalistas por mais de uma hora, dificultando a cobertura e a documentação dos fatos. Esta não é a primeira vez que o fotógrafo se vê em meio a cenários perigosos; ele já havia sofrido hematomas substanciais após ser atingido por uma bala de borracha durante os protestos pela morte de George Floyd em 2020. A onda de manifestações iniciada com o caso George Floyd trouxe à tona discussões sobre violência policial e a vulnerabilidade dos jornalistas que cobrem esses eventos.
O relato de Apu Gomes é um lembrete vívido dos riscos inerentes à profissão de jornalista em ambientes de protesto, onde a linha entre espectador e alvo pode se tornar tênue. Sua história ecoa a de outros profissionais de mídia que também foram feridos em Los Angeles e em outras partes do mundo, sublinhando a importância da liberdade de imprensa e a necessidade de proteção para aqueles que se arriscam para levar a informação ao público.

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