Brasília, [Data] — O Partido Liberal (PL) concentra esforços para eleger o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) à presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. A movimentação, confirmada por líderes partidários, busca ampliar a influência do grupo nas discussões sobre política externa, um tema sensível em meio às tensões geopolíticas globais e à reinserção do Brasil em fóruns internacionais sob o governo Lula.**
Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo é visto como um nome estratégico para o PL, tanto por sua proximidade com setores conservadores quanto por sua atuação vocal em defesa de bandeiras alinhadas ao bolsonarismo. A comissão, responsável por analisar acordos internacionais e questões de defesa, ganhou relevância extra após o governo atual retomar relações com países como Venezuela e Irã, temas que geram discordância na oposição.
Controvérsias e questionamentos
A possível indicação, porém, enfrenta resistência. Críticos apontam a limitação de experiência de Eduardo em temas externos — seu currículo parlamentar é marcado por atuação em comissões de segurança e tecnologia. Especialistas em política internacional, como o professor Feliciano Guimarães (FGV-SP), alertam: “A presidência dessa comissão exige conhecimento técnico e diplomático, não apenas alinhamento ideológico”.
Oposicionistas, como a deputada Maria do Rosário (PT-RS), classificam a manobra como “jogo político arriscado“. Em redes sociais, ela destacou: “É preocupante ver uma comissão estratégica nas mãos de quem já defendeu rupturas institucionais”. A referência é às declarações polêmicas de Eduardo durante os protestos de 2022, que renderam até investigação no STF.
Estratégia partidária e próximos passos
Internamente, o PL defende a escolha. Um líder partidário, sob anonimato, justificou: “Eduardo tem articulação internacional, inclusive com setores de direita nos EUA e Europa, e será um contraponto necessário às diretrizes do Planalto”. Dados da CNN Brasil revelam que o partido já negocia apoio de aliados, como o Republicanos, para garantir os votos necessários.
A eleição para o cargo ocorrerá nas próximas semanas, e a disputa promete acirramento. Enquanto o PL mobiliza sua base, governistas estudam lançar um nome alternativo para evitar o fortalecimento oposicionista.
Implicações internacionais
Analistas ouvidos ressaltam que a comissão terá papel crucial em decisões como a ratificação de acordos comerciais e o posicionamento do Brasil em conflitos como o da Ucrânia. Caso Eduardo assuma, espera-se um alinhamento com pautas defendidas por setores conservadores globais, como o combate a agendas progressistas em organismos multilaterais.
O cenário coloca em xeque a capacidade de diálogo entre o Legislativo e o Itamaraty, que, sob o comando de Mauro Vieira, tem priorizado a reaproximação com países do Sul Global. Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, “a composição da comissão refletirá o equilíbrio de forças no Congresso — e os rumos da política externa brasileira”.
Contexto ampliado: A articulação do PL ocorre em um momento de reconfiguração de poder na Câmara, onde o partido tenta assegurar espaços-chave após derrotas no início da legislatura. Eduardo Bolsonaro, que já integrou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), busca agora um papel de maior visibilidade, alimentando especulações sobre seus planos futuros, incluindo uma possível candidatura a governador do Rio de Janeiro em 2026.
Com informações de G1, CNN Brasil, Poder360 e análise de especialistas.