O deputado estadual Requião Filho criticou publicamente a venda de ações da Companhia Paranaense de Energia (Copel), afirmando que a privatização tem gerado consequências “desastrosas” para o Paraná. A declaração foi feita em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, no qual o parlamentar relaciona a decisão ao aumento de reclamações sobre a qualidade dos serviços prestados pela empresa. “Não precisava ser nenhuma Márcia Sensitiva para prever que a venda seria um erro. Quem sofre é o povo. Sempre é!”, destacou.
A Copel, empresa de capital misto controlada pelo governo do Paraná, teve parte de suas ações adquiridas pela iniciativa privada em 2023, em um processo que dividiu opiniões. Dados do Procon-PR revelam que, nos últimos 12 meses, as reclamações contra a empresa subiram 35%, com destaque para interrupções no fornecimento de energia, cobranças irregulares e atendimento ao cliente deficitário.
Em nota técnica divulgada em agosto, a Associação dos Engenheiros da Copel (AEC) apontou que cortes de investimentos em manutenção e a redução de equipes técnicas após a privatização parcial são fatores que explicam a piora nos serviços. “A prioridade deixou de ser o cidadão e passou a ser o lucro”, afirmou o diretor da entidade, Carlos Mendes.
O governo do estado, porém, defende a venda como necessária para modernizar a empresa e garantir sustentabilidade financeira. Segundo a Secretaria de Comunicação, a injeção de recursos privados permitirá a expansão de linhas de transmissão e a redução de tarifas a médio prazo.
Requião Filho, no entanto, mantém o discurso contrário. “A energia é um bem estratégico. Vendê-la é abrir mão da soberania do Paraná”, argumentou, prometendo pressionar por revisões no modelo de gestão. Enquanto o debate esquenta, moradores de regiões como Londrina e Cascavel relatam apagões frequentes, alguns com mais de 10 horas de duração.
O que vem por aí?
Especialistas alertam que o cenário pode se agravar com a chegada do verão, período historicamente marcado por maior demanda energética. A Copel ainda não se pronunciou sobre planos emergenciais para a temporada. Para o consumidor, resta esperar — e torcer para que o alerta do deputado não se concretize em mais um inverno de descontentamento.
Contexto adicional: A privatização parcial da Copel ocorreu após aprovação na Assembleia Legislativa do Paraná em 2022, com 33 votos a favor e 21 contra. A estatal foi a primeira empresa de energia do país a ter capital aberto na Bolsa de Valores após mudanças no marco legal do setor elétrico.