O uso intensivo de ferramentas digitais na educação pública do Paraná tem gerado debates sobre sua eficácia. O professor Fernando, de uma escola estadual em Ponta Grossa, expressou preocupação com a ênfase na plataforma Redação Paraná, que visa aprimorar as habilidades de escrita dos alunos. Segundo ele, a pressão para aumentar a produção de redações na plataforma não resultou em maior participação dos estudantes no ENEM. “Ensinar não é somente sobre números, mas, acima de tudo, sobre qualidade”, afirmou.
A Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) tem investido em tecnologia para modernizar o ensino, implementando diversas plataformas educacionais. Em 2024, foram adquiridos dispositivos eletrônicos para as escolas estaduais, incluindo notebooks, projetores e lousas digitais, com investimentos superiores a R$ 82 milhões. Além disso, melhorias na infraestrutura de rede, com aportes acima de R$ 90 milhões, visam garantir maior conectividade e acesso aos recursos digitais.
Apesar desses avanços, estudos indicam que a plataforma Redação Paraná apresenta deficiências na preparação dos alunos para o ENEM. Uma análise comparativa da grade de correção da plataforma com as exigências do exame revelou disparidades que podem comprometer o desempenho dos estudantes.
O secretário da Educação, Roni Miranda, defende o uso da tecnologia como ferramenta de modernização do ensino e combate à evasão escolar. Ele destaca que, em 2024, os alunos da rede estadual produziram 5,3 milhões de textos na plataforma Redação Paraná e leram quase 938 mil livros através do programa Leia Paraná, evidenciando o engajamento dos estudantes com as ferramentas digitais.
No entanto, educadores como o professor Fernando alertam para a necessidade de equilibrar a quantidade com a qualidade no processo de ensino. Eles argumentam que o foco excessivo em plataformas digitais pode negligenciar aspectos fundamentais da educação, como o desenvolvimento do pensamento crítico e a interação humana, essenciais para a formação integral dos alunos.
A discussão sobre o papel das tecnologias na educação do Paraná continua, com vozes divergentes sobre sua eficácia e impacto no aprendizado dos estudantes. Enquanto o governo estadual aposta na modernização como caminho para a melhoria dos índices educacionais, parte dos educadores pede cautela e reflexão sobre as metodologias adotadas, enfatizando que a verdadeira qualidade do ensino vai além dos números e estatísticas.
