São Paulo, 12 de março de 2024 – Enquanto professores de todo o Brasil enfrentam desafios históricos para garantir salários dignos e condições de trabalho adequadas, a categoria na capital paulista se mobiliza para uma greve geral marcada para os dias 13 e 18 de março. O movimento, convocado por sindicatos como Sindsep, Aprofem, SINPEEM, SEDIN e SINESP, visa pressionar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) a atender reivindicações urgentes, que vão desde a valorização salarial até o combate ao assédio moral e à privatização da educação pública.
O que está em jogo?
Além da incorporação permanente do abono complementar de 44% (benefício temporário que impacta ativos, aposentados e readaptados), os professores exigem:
- Reajuste anual com base na inflação (IPCA), que acumula alta de mais de 20% nos últimos três anos;
- Revogação de portarias e decretos que precarizam a carreira, especialmente os que afetam profissionais readaptados por questões de saúde;
- Fim do assédio moral, apontado como causa do adoecimento crescente de docentes;
- Suspensão de projetos de terceirização, vistos como parte de um plano de sucateamento da rede municipal.
Dados do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) revelam que, em 2023, 67% dos educadores da rede pública paulista relataram sobrecarga de trabalho, agravada por salários defasados. Na capital, um professor com pós-graduação recebe em média R$ 4.200 para uma jornada de 40 horas semanais – valor abaixo do piso nacional em estados como Minas Gerais (R$ 4.933) e Rio de Janeiro (R$ 5.000).
Crise nacional, mobilização local
A situação em São Paulo reflete um cenário crítico em todo o país. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Brasil perdeu 245 mil professores da educação básica entre 2019 e 2023, muitos migrando para outras profissões devido à desvalorização. Enquanto isso, o Plano Nacional de Educação (PNE), que previa equiparar os salários docentes aos de profissionais de mesma escolaridade até 2020, segue ignorado pela maioria dos municípios.
Na capital paulista, a pressão sindical ganha força após o governo Nunes rejeitar 12 das 14 pautas apresentadas em 2023, segundo o Sindsep. “Não há diálogo. A Prefeitura insiste em cortar direitos enquanto repassa verbas milionárias para ONGs e empresas terceirizadas”, denuncia Maria Souza (nome fictício), professora há 15 anos na zona leste.
18 de março: Dia de luta
A assembleia geral no dia 18 de março, em frente à Prefeitura, promete reunir milhares de profissionais. Além da paralisação, está prevista uma manifestação com faixas e performances para chamar a atenção da população. “Queremos mostrar que a educação não é gasto, mas investimento. Sem professores valorizados, não há futuro”, afirma Carlos Mendes, diretor do SINPEEM, em entrevista ao portal UOL Educação.
Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Educação evitou comentar as reivindicações, limitando-se a afirmar que “reconhece o trabalho dos docentes” e que “mantém canais abertos para negociação”.
E agora?
Se as demandas não forem atendidas, a categoria adverte: a greve pode se estender, afetando o calendário escolar de mais de 1 milhão de estudantes. Para evitar o colapso, sindicatos sugerem que cada escola destine 10 minutos diários para debates sobre a crise, reforçando a adesão ao movimento.
#FicaADica: Acompanhe a cobertura ao vivo no dia 18 pelo perfil do Sindsep no Instagram (@sindsep_oficial).
Fontes consultadas: Apeoesp, Inep, PNE, IBGE, e portais de notícias (G1, UOL).