O Senado dos Estados Unidos confirmou, nesta quinta-feira (13), Robert Kennedy Jr. como o novo secretário de Saúde e Serviços Humanos (HHS). A nomeação, proposta pelo presidente Donald Trump, foi aprovada por uma estreita margem de 52 votos a favor e 48 contra, revelando as profundas divisões partidárias em torno da escolha. Kennedy Jr., conhecido por suas posições antivacinação e por disseminar teorias da conspiração relacionadas à saúde pública, agora assumirá o comando de um dos departamentos mais importantes do governo, com um orçamento de US$ 1,7 trilhão e responsabilidade sobre agências como a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) e os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) .
A votação foi marcada pela oposição unânime dos 47 senadores democratas, que criticaram a falta de experiência de Kennedy Jr. na área da saúde e seu histórico de questionar a segurança das vacinas. O senador Mitch McConnell, único republicano a votar contra, destacou os riscos de nomear um cético das vacinas para um cargo de tamanha responsabilidade. McConnell, que sobreviveu à poliomielite na infância, afirmou: “Não vou tolerar que voltem a ser litigadas curas comprovadas, nem o farão milhões de americanos que atribuem sua sobrevivência e qualidade de vida a milagres científicos” .
Kennedy Jr., de 71 anos, é filho do ex-senador Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy. Ele ganhou notoriedade como advogado ambientalista, atuando em causas como a despoluição do Rio Hudson, em Nova York. No entanto, sua reputação foi manchada por seu envolvimento com o movimento antivacina, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando ele questionou a eficácia e a segurança dos imunizantes, chegando a sugerir que vacinas poderiam causar autismo — teoria já amplamente refutada por estudos científicos .
Durante as audiências de confirmação, Kennedy Jr. prometeu proteger os programas de vacinação existentes e afirmou que não se opõe às vacinas, mas sim à falta de transparência em relação à sua segurança. Ele também se comprometeu a priorizar o combate a doenças crônicas, melhorar a qualidade do abastecimento alimentar e remover o flúor da água potável. Apesar das promessas, críticos alertam para os riscos de sua nomeação, especialmente em um momento em que a confiança nas instituições de saúde pública já está abalada .
A confirmação de Kennedy Jr. também gerou reações dentro de sua própria família. Membros da dinastia Kennedy, incluindo a ex-diplomata Caroline Kennedy, expressaram publicamente sua oposição à nomeação, classificando-o como “predador” e alertando para os conflitos de interesse financeiros relacionados ao seu ativismo antivacina .
Com a posse de Kennedy Jr., o governo Trump dá mais um passo em sua estratégia de reformular as políticas de saúde pública nos Estados Unidos. O novo secretário já anunciou planos para demitir funcionários da FDA e dos Institutos Nacionais de Saúde, além de criar uma comissão chamada “Make America Healthy Again” (Faça a América Saudável Novamente), inspirada no slogan de campanha de Trump. Resta saber se suas ações trarão benefícios reais à saúde dos americanos ou se aprofundarão as divisões e a desconfiança em relação às instituições de saúde .
A nomeação de Robert Kennedy Jr. como secretário da Saúde dos EUA é, sem dúvida, uma das decisões mais polêmicas do governo Trump. Enquanto seus apoiadores veem nele um defensor da liberdade individual e da transparência, seus críticos temem que suas posições possam colocar em risco décadas de avanços científicos e de saúde pública. O tempo dirá qual legado ele deixará à frente de um dos departamentos mais importantes do país.