Sindicância revela visitas intimas irregulares a chefes do tráfico no Rio

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) instaurou uma sindicância para investigar visitas íntimas não autorizadas concedidas a três líderes do tráfico de drogas na Penitenciária Gabriel Castilho, localizada em Gericinó, Zona Oeste do Rio de Janeiro. No último domingo, William Sousa Guedes, conhecido como “Corolla”, Marco Antonio Pereira Firmino, o “My Thor”, e Luiz Fernando do Nascimento Ferreira, o “Nando Bacalhau”, receberam visitas no parlatório da unidade prisional sem a devida autorização prévia.

De acordo com as normas da Seap, detentos têm direito a visitas de companheiras ou esposas no parlatório, desde que estejam devidamente cadastradas e autorizadas. No entanto, nos casos mencionados, ocorreram irregularidades que impediram a conformidade dos encontros. “My Thor”, que recentemente teria se separado, ainda não havia registrado a nova companheira junto à Seap, mas mesmo assim a recebeu na unidade. Em 2024, ele foi alvo de uma operação que investigava o tráfico de cocaína entre Rio e São Paulo, ocasião em que pelo menos dez celulares foram apreendidos em sua cela.

“Corolla”, detido em julho do ano passado, recebeu uma mulher diferente da cadastrada como sua esposa. Antes de sua prisão, ele era conhecido por ostentar nas redes sociais, exibindo treinos físicos com coletes e fuzis como preparação para confrontos relacionados ao tráfico. Apontado pela polícia como chefe do tráfico no Morro São João, no Engenho Novo, “Corolla” possui 54 anotações criminais em sua ficha.

Já “Nando Bacalhau”, considerado um preso de alta periculosidade, não tinha permissão para receber visitas naquele dia específico. Ele foi capturado em 2012 na cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, sendo apontado na época como o líder do tráfico de drogas no Morro do Chapadão, em Costa Barros, Zona Norte do Rio.

Em resposta ao ocorrido, a Seap informou que os detentos foram preventivamente isolados. Além disso, a secretaria instaurou um procedimento disciplinar contra os envolvidos e iniciou uma sindicância para “apurar eventuais responsabilidades de servidores em torno do ocorrido”.

Este não é um incidente isolado no sistema prisional do Rio de Janeiro. Em dezembro de 2021, uma “farra sexual” envolvendo mulheres e chefes de uma facção criminosa na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4) resultou na exoneração do diretor, subdiretor e chefe de segurança da unidade. Na ocasião, as visitas íntimas irregulares ocorreram após o suposto pagamento de propina a policiais penais.

Como resposta a esses eventos, em agosto de 2022, a Seap regulamentou as visitas íntimas aos detentos no estado, estabelecendo normas mais rigorosas para concessão do benefício e buscando maior transparência e controle interno das visitas.

A Seap reafirma seu compromisso em não compactuar com irregularidades dentro das unidades prisionais e garante que a Corregedoria atuará com rigor para identificar e punir os responsáveis por tais infrações.

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