Uma imagem inusitada e carregada de controvérsia tomou conta das redes sociais nesta semana. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou uma montagem gerada por inteligência artificial onde aparece vestido com a tradicional batina papal. A publicação, que mostra Trump com semblante sério e vestimentas brancas e douradas características do Vaticano, foi compartilhada na sequência pela conta oficial da Casa Branca, elevando a temperatura do debate público e gerando forte indignação, principalmente entre católicos.
Nos comentários da postagem, uma enxurrada de críticas classificou a atitude como “inapropriada, insensível e desrespeitosa”. Usuários da plataforma não pouparam palavras para expressar seu descontentamento. “Esta é uma conta oficial de mídia social administrada pelo governo. Como representação dos Estados Unidos, não deveria zombar de nenhuma religião”, escreveu um internauta, ecoando o sentimento de muitos outros que consideraram a imagem uma afronta à fé católica e um uso político indevido de símbolos religiosos. Uma usuária que se identificou como católica praticante também manifestou sua reprovação: “Esta imagem não é engraçada. Não é sátira. E não é inofensiva.” Outros comentários variavam entre o choque e a acusação de desrespeito à fé e ao próprio papado.
A polêmica imagem surge poucos dias antes de um evento crucial para a Igreja Católica. No início da semana, ao ser questionado por jornalistas sobre sua preferência para o próximo líder da Igreja, Trump respondeu com sua habitual desenvoltura: “Eu gostaria de ser papa. Seria a minha primeira escolha.” A declaração, em tom de brincadeira ou não, adicionou mais um ingrediente à controvérsia. O Conclave, reunião secreta de cardeais eleitores responsável por escolher o novo pontífice, tem início marcado para o próximo dia 7 de maio, conforme informações do Vaticano divulgadas na última segunda-feira (28 de abril). O evento ocorre após a morte do Papa Francisco, e a escolha do seu sucessor é aguardada com grande expectativa pela comunidade católica mundial.
A atitude de Trump e a republicação pela Casa Branca levantam questionamentos sobre os limites do humor e da sátira em figuras públicas, especialmente em se tratando de temas religiosos sensíveis. Embora não seja a primeira vez que políticos se envolvem em polêmicas relacionadas à religião, a utilização de inteligência artificial para criar uma imagem tão sugestiva e a sua divulgação por um perfil governamental conferem um peso adicional à discussão. A ferramenta Hive Portal, especializada em análise de conteúdo gerado por IA, apontou uma probabilidade de 99,9% de que a imagem de Trump como papa seja fruto de inteligência artificial.
O debate sobre a laicidade do Estado e o respeito às diversas manifestações religiosas ganha ainda mais relevância diante do episódio. Enquanto alguns podem interpretar a imagem como uma simples brincadeira, muitos outros a veem como uma desrespeitosa apropriação de um símbolo religioso de grande importância para milhões de pessoas ao redor do mundo. A repercussão negativa demonstra a sensibilidade do tema e o potencial de tais ações para gerar divisões e ressentimentos. Resta acompanhar os desdobramentos dessa polêmica às vésperas de um importante momento para a Igreja Católica.
Trump “Papa”? IA gera polêmica e Casa Branca inflama debate religioso às vésperas de Conclave
