Consumo de estabilizadores de humor no Brasil atinge patamar alarmante, alertam especialistas

O uso de medicamentos para saúde mental no Brasil tem crescido de forma preocupante nos últimos anos. Dados do Conselho Federal de Farmácia indicam que, entre 2017 e 2021, houve um aumento de aproximadamente 58% na venda de antidepressivos e estabilizadores de humor no país.

Em 2024, a tendência de crescimento continuou. Entre janeiro e maio, registrou-se um aumento de 8% nas vendas desses medicamentos em comparação com o mesmo período do ano anterior. Estados como Roraima destacaram-se com um incremento de 29%, enquanto o Acre foi o único a apresentar uma redução de 3%.

Especialistas estão preocupados com essa escalada no consumo de fármacos para saúde mental. O psiquiatra Vinícius Teodoro alerta para os riscos associados ao uso excessivo de medicamentos para dormir, como Zolpidem, Zopiclona e Eszopiclona, conhecidos como “Drogas Z”. Segundo ele, o uso indiscriminado pode levar à dependência e a outros problemas de saúde.

A psiquiatra Anna Lembke, em seu livro “Nação Tarja Preta”, investiga as forças que estimulam a epidemia do uso excessivo de medicamentos prescritos em diversos países, incluindo o Brasil. Ela destaca que a busca por alívio imediato tem levado muitos a recorrerem a fármacos sem considerar alternativas terapêuticas ou os riscos associados.

A pandemia de Covid-19 intensificou os desafios relacionados à saúde mental, contribuindo para o aumento no consumo desses medicamentos. Antes da pandemia, cerca de 193 milhões de pessoas no mundo tinham transtorno depressivo maior e 298 milhões sofriam de transtornos de ansiedade. Após o início da pandemia, as estimativas iniciais mostraram um salto para 246 milhões de pessoas com depressão e 374 milhões com ansiedade.

Especialistas enfatizam a importância de buscar alternativas ao uso indiscriminado de medicamentos, como a psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Eles alertam que, embora os fármacos possam ser eficazes no tratamento de transtornos mentais, é crucial que seu uso seja monitorado por profissionais de saúde para evitar a dependência e outros efeitos adversos.

A crescente medicalização da vida cotidiana levanta questões sobre a dependência de soluções farmacológicas para problemas que poderiam ser abordados por meio de outras abordagens terapêuticas. É essencial promover um equilíbrio entre o uso de medicamentos e outras formas de cuidado com a saúde mental, garantindo que os pacientes não se tornem reféns da medicação.

Abrir bate-papo
Como podemos ajudá-lo?
Verified by MonsterInsights