Após meses de intensos bombardeios e uma guerra que deixou marcas profundas, os palestinos da Faixa de Gaza estão usando as redes sociais para compartilhar suas histórias de resiliência e reconstrução. Duas “trends” recentes têm chamado a atenção: uma mostra a limpeza das casas destruídas após o retorno à Cidade de Gaza, enquanto a outra revive, com nostalgia, imagens do território antes da devastação, ao som da música “Debi Tirar Más Fotos”, do rapper porto-riquenho Bad Bunny.
Reconstruindo vidas entre os escombros
Desde o cessar-fogo entre Israel e Hamas, em 19 de janeiro de 2025, milhares de palestinos começaram a retornar às suas casas no norte de Gaza, apenas para encontrar cidades reduzidas a ruínas. A ONU estima que nove em cada dez residências foram danificadas ou destruídas, e a magnitude da devastação tem deixado muitos em estado de choque.
Nas redes sociais, vídeos mostram famílias removendo destroços, limpando o que resta de suas casas e tentando reconstruir suas vidas. Em um dos registros, um bebê brinca no chão de uma casa parcialmente limpa, enquanto a destruição ainda é visível pela janela. Essas imagens, que viralizaram como uma “trend”, simbolizam a luta diária dos moradores para recuperar um senso de normalidade em meio ao caos.
Nostalgia e resistência: Gaza antes da guerra
Outra “trend” que ganhou força nas redes sociais traz um contraste emocionante. Palestinos compartilham fotos e vídeos de Gaza antes dos bombardeios, mostrando praias movimentadas, restaurantes cheios e ruas vibrantes. A trilha sonora escolhida para acompanhar essas imagens é a música “Debi Tirar Más Fotos”, de Bad Bunny, que fala sobre saudade e a importância de valorizar momentos preciosos.
A escolha da música não é por acaso. Para muitos palestinos, as imagens de um passado recente, mas agora distante, servem como um lembrete do que foi perdido e do que ainda pode ser recuperado. “Deveria ter tirado mais fotos de quando tinha você”, diz o refrão da canção, ecoando o sentimento de quem viu suas vidas transformadas pela guerra.
O papel das redes sociais na resistência palestina
As redes sociais têm se tornado uma ferramenta poderosa para os palestinos documentarem sua realidade e compartilharem suas histórias com o mundo. Durante a guerra, plataformas como Instagram, TikTok e X (antigo Twitter) foram usadas para mostrar a devastação em tempo real, gerando comoção global e mobilizando apoio internacional.
Agora, com o cessar-fogo, essas mesmas plataformas estão sendo usadas para mostrar a reconstrução e a resiliência de um povo que não desiste. “Eles esperavam que suas casas tivessem sido poupadas, mas a realidade é que quase tudo foi destruído. Ainda assim, estão tentando reconstruir”, disse Tess Ingram, da UNICEF, em um vídeo compartilhado nas redes sociais.
Desafios à frente
Apesar da esperança renovada, os desafios são imensos. A ONU estima que serão necessários mais de 350 anos para reconstruir Gaza, com custos que ultrapassam os 18,5 bilhões de dólares apenas nos primeiros quatro meses de guerra. Além disso, a presença de munições não detonadas e a falta de infraestrutura básica, como água e energia, complicam ainda mais o processo de reconstrução.
Enquanto isso, os palestinos seguem usando as redes sociais para contar suas histórias, mostrando ao mundo que, mesmo em meio à destruição, há espaço para esperança e reconstrução. Como diz um dos vídeos que viralizaram: “Sobreviver à morte é algo feliz. Mesmo que estejamos entrando em uma fase difícil, o pensamento de não perder mais as pessoas que amamos é um alívio”.