O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos intensificaram provocações ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, durante o último final de semana. A família Bolsonaro, conhecida por seu discurso confrontador, mirou em Moraes, que lidera o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro. As declarações, repletas de insinuações e críticas, escalaram a tensão política em um momento delicado para o ex-presidente, que ainda enfrenta uma série de investigações na Justiça.
Os ataques começaram nas redes sociais, com Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, compartilhando memes e mensagens subliminares que ironizam as decisões de Moraes no âmbito das investigações. Eduardo Bolsonaro, deputado federal, seguiu a mesma linha, criticando o que chamou de “excessos” do Judiciário. Jair Bolsonaro, por sua vez, adotou um tom mais reservado, mas não deixou de insinuar que as ações do STF seriam politicamente motivadas, destacando a “parcialidade” de Moraes.
Estratégia de deslegitimação
A movimentação do clã Bolsonaro parece fazer parte de uma estratégia de deslegitimação da condução do inquérito. Alexandre de Moraes tem sido uma figura central na investigação dos atos antidemocráticos, o que inclui a análise de possíveis conexões entre Jair Bolsonaro, seus aliados, e os atos violentos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília.
Os bolsonaristas afirmam que o ministro extrapola suas funções ao liderar ações consideradas “autoritárias”, como prisões e bloqueios de redes sociais de suspeitos. Esse discurso encontra eco em setores mais radicais da direita, que seguem mobilizados contra o que classificam como perseguição política.
Reação no meio jurídico e político
As provocações geraram reações contundentes. Especialistas em Direito Constitucional defendem a legitimidade das ações de Moraes, apontando para a gravidade dos ataques às instituições democráticas. Parlamentares da oposição criticaram a postura da família Bolsonaro, classificando-a como uma tentativa de intimidar o Judiciário e desviar o foco das acusações.
A escalada das tensões ocorre em um momento em que Jair Bolsonaro tenta se reorganizar politicamente após uma série de derrotas judiciais e a cassação de seus direitos políticos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto isso, os inquéritos no STF seguem avançando, com novas diligências e depoimentos que podem implicar figuras centrais do bolsonarismo.
A sombra de 8 de janeiro
O episódio de 8 de janeiro, amplamente comparado à invasão do Capitólio nos Estados Unidos em 2021, permanece como uma mancha no histórico político recente do Brasil. Moraes tem reiterado que o Judiciário não tolerará atos que visem desestabilizar a democracia.
Com as novas provocações, o embate entre Bolsonaro e Moraes ganha mais um capítulo de um conflito que promete se estender, potencialmente com repercussões significativas no cenário político e institucional brasileiro. O Brasil, mais uma vez, observa atento enquanto as tensões entre Poderes revelam os desafios de manter a estabilidade democrática em um país profundamente polarizado.
