Data de vigência causa tensão global, e Brasil emerge como um dos principais alvos da medida.
A partir das 1h desta quarta-feira (12/3, horário de Brasília), os Estados Unidos começaram a cobrar uma tarifa de 25% sobre importações de aço e 10% sobre alumínio, conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump em março. A medida, justificada pela Casa Branca como necessária para “proteger a segurança nacional e a indústria norte-americana”, afeta diretamente o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço aos EUA, atrás apenas do Canadá.
Contexto da medida
Trump anunciou a proposta em fevereiro, surpreendendo parceiros comerciais e acendendo alertas para uma possível guerra tarifária global. De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o país importou US$ 29 bilhões em aço e US$ 17,4 bilhões em alumínio em 2023, com o Brasil respondendo por 13% do total de aço adquirido. A justificativa de “segurança nacional” foi criticada por especialistas, que veem a medida como protecionismo disfarçado.
Impacto no Brasil
O Brasil exportou US$ 2,7 bilhões em aço para os EUA no último ano, segundo a Associação Brasileira do Aço (AçoBrasil). Setores como siderurgia e mineração já projetam perdas de até R$ 10 bilhões em 2024 caso as tarifas permaneçam. O alumínio, embora menos representativo, também preocupa: o país vendeu US$ 860 milhões do produto aos norte-americanos em 2023.
O Ministério da Economia brasileiro reagiu afirmando que “analisa medidas dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e busca diálogo direto com Washington. Fontes do governo sugerem que o Brasil pode retaliar com tarifas sobre produtos como etanol e trigo dos EUA, conforme lista já preparada em 2018, durante a primeira onda de tensões comerciais.
Reações internacionais
Além do Brasil, União Europeia, China e Coreia do Sul manifestaram repúdio. A UE ameaçou taxar produtos simbólicos, como jeans e bourbon, enquanto a China prometeu “defender vigorosamente seus interesses”. Canadá e México, inicialmente incluídos, conseguiram isenções após renegociarem termos do acordo norte-americano USMCA.
O Que esperar?
Analistas apontam riscos de escalada: “É um jogo perigoso. O Brasil tem opções limitadas, mas não ficará parado”, comenta Lia Valls, economista da FGV. Enquanto isso, o mercado global de aço já registra volatilidade, com altas de até 8% nos preços desde o anúncio.
A medida de Trump reacende debates sobre o futuro do comércio multilateral e coloca o Brasil em uma encruzilhada: ceder espaço a outros exportadores, como a Índia, ou buscar alternativas urgentes para evitar um baque econômico.
Atualização às 10h: O Itamaraty confirmou que enviará uma comitiva a Washington nesta sexta-feira (14/3) para negociar possíveis exceções às tarifas. A resposta dos EUA é aguardada com cautela pelo mercado.
(Fontes: Casa Branca, AçoBrasil, OMC, Ministério da Economia, FGV e Reuters)