BELO HORIZONTE (MG) – Em um evento marcado por tensões políticas, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizaram um embate público durante cerimônia de inauguração de obras no estado nesta quarta-feira (4). O ponto central da discussão foi a estrutura do governo federal, com Zema criticando indiretamente o número de ministérios, enquanto Lula defendeu a “qualidade e compromisso” de sua equipe.
Contexto da polêmica:
Zema, representante de um partido alinhado ao liberalismo econômico, questionou o que chamou de “gigantismo estatal”. “Não adianta ter uma máquina inchada se o resultado não chega à população”, declarou, sem citar nominalmente o governo federal. A fala é uma referência aos 37 ministérios atuais da gestão Lula, o maior número desde a redemocratização, superando até mesmo os 31 do próprio ex-presidente em seu primeiro mandato (2003). Em comparação, o governo Bolsonaro (2019-2022) encerrou com 23 pastas.
Dados do Tesouro Nacional revelam que o orçamento destinado aos ministérios em 2023 atingiu R$ 30,2 bilhões, valor 18% maior que o de 2022. Para Zema, o modelo é “ineficiente” e onera os cofres públicos. O governador, cotado como pré-candidato à Presidência em 2026, já havia criticado a expansão ministerial em outras ocasiões, defendendo um Estado “enxuto e focado em resultados”.
Resposta de Lula:
O presidente reagiu às provocações durante seu discurso, sem mencionar Zema diretamente: “Não é o número de pastas que define um governo, mas sim a competência e o compromisso com os mais pobres”. Lula destacou a recriação de ministérios como o dos Povos Indígenas e o da Igualdade Racial, enfatizando que “um país continental como o Brasil precisa de políticas específicas para cada demanda”.
Repercussão e cenário político:
O embate reflete a polarização entre o PT e setores da direita liberal, com Minas Gerais – estado estratégico eleitoralmente – servindo de palco para o confronto. Nas redes sociais, a hashtag #ZemaVsLula chegou aos trending topics, dividindo apoiadores. Enquanto aliados do governador elogiam a “postura fiscal responsável”, militantes petistas acusam Zema de “privilegiar elites”.
Especialistas apontam que o debate sinaliza futuros eixos de disputa na política nacional. “Zema tenta se consolidar como voz da oposição técnica, enquanto Lula reforça sua agenda de inclusão social. É o choque entre duas visões de Estado”, analisa a cientista política Carla Lima, da UFMG.
Próximos capítulos:
O evento em MG não foi isolado: desde 2023, Zema já vetou projetos federais no estado, alegando “despesas sem contrapartidas”. Já Lula deve retornar a Minas ainda este mês para uma agenda sobre segurança pública, tema sensível no estado. A expectativa é que os ânimos permaneçam acirrados, com ambos os lados usando a exposição para mobilizar suas bases.
Enquanto isso, a população aguarda para ver se as “farpas” se transformarão em propostas concretas – ou se o embate permanecerá no campo da retórica política.