Cortes de Trump ameaçam fechar consulados dos EUA no Brasil

O governo dos Estados Unidos avalia fechar consulados e até reduzir atividades em embaixadas no Brasil como parte de uma política de cortes orçamentários iniciada durante a gestão de Donald Trump (2017-2021) e que segue em revisão sob a administração de Joe Biden. A medida, que afetaria diretamente serviços como emissão de vistos, cooperação em inteligência e relações comerciais, preocupa especialistas, que alertam para o risco de “vazios estratégicos” na diplomacia americana na América Latina.

Segundo fontes ligadas ao Departamento de Estado ouvidas pela imprensa internacional, o Brasil está na lista de países onde postos diplomáticos podem ser desativados ou ter operações enxugadas. O consulado de Belo Horizonte, fechado em 2020 após 73 anos de atividades, foi a primeira vítima dessa política, impactando milhares de cidadãos de Minas Gerais que dependiam do local para serviços migratórios. Agora, unidades em cidades como Recife, Porto Alegre e Salvador estão sob análise.

Por que os cortes preocupam?
Além de prejudicar brasileiros que buscam vistos para estudo, trabalho ou turismo nos EUA (o país emitiu mais de 400 mil vistos apenas em 2023), a redução de postos diplomáticos compromete a cooperação bilateral em áreas sensíveis. Um relatório do Center for Strategic and International Studies (CSIS), think tank com sede em Washington, destaca que consulados são hubs estratégicos para monitorar questões como tráfico de drogas, crimes transnacionais e até ameaças cibernéticas.

Reações no Brasil
O Itamaraty monitora a situação, mas evita comentários públicos. Em 2020, após o fechamento do consulado em Belo Horizonte, o governo brasileiro emitiu uma nota manifestando “surpresa” com a decisão. Para o embaixador Rubens Barbosa, ex-representante do Brasil em Washington, a medida reflete uma “miopia geopolítica”: “O Brasil é um parceiro-chave em um continente cada vez mais influenciado por China e Rússia. Enfraquecer a presença aqui é um tiro no pé”, afirmou em entrevista ao portal Poder360.

Contexto global
A estratégia de Trump de reduzir custos com diplomacia (cortes chegaram a US$ 11 bilhões em 2020) já havia afetado consulados em países como Rússia e Egito. Embora Biden tenha revertido parte das medidas, a pressão por austeridade no Congresso americano mantém o tema em pauta. Procuradas, a Embaixada dos EUA em Brasília limitou-se a dizer que “revisões de estruturas são rotineiras e priorizam a eficiência de recursos”.

E agora?
Enquanto o governo brasileiro busca ampliar laços com potências como China e União Europeia, analistas veem uma janela de risco: “Menos postos dos EUA significam menos intercâmbio cultural, econômico e de segurança. É um espaço que outros competidores globais podem ocupar”, avalia Letícia Pinheiro, professora de Relações Internacionais da PUC-Rio, em material publicado pelo Nexo Jornal.

O desfecho ainda é incerto, mas o debate revela um tabuleiro geopolítico em transformação — e o Brasil no centro dele.

(Fontes consultadas: Center for Strategic and International Studies, Poder360, Nexo Jornal, Departamento de Estado dos EUA e dados públicos de migração)


Abrir bate-papo
Como podemos ajudá-lo?
Verified by MonsterInsights