A Tesla, fabricante de veículos elétricos liderada por Elon Musk, emitiu um alerta sobre riscos crescentes para exportadores americanos diante de possíveis retaliações internacionais às tarifas comerciais impostas durante o governo de Donald Trump. O aviso surge em um momento delicado, no qual Musk, aliado próximo do ex-presidente, defende publicamente a redução do tamanho do governo federal — uma postura que especialistas veem como contraditória frente aos interesses globais da empresa.
Segundo documentos regulatórios recentes, a Tesla destacou que as políticas protecionistas de Trump, que incluíram tarifas de até 25% sobre produtos como aço e alumínio, ainda reverberam no comércio exterior. Países como China e membros da União Europeia, principais mercados para os carros elétricos da marca, já adotaram medidas de resposta nos últimos anos, como taxações específicas sobre produtos americanos. Dados da Reuters indicam que, em 2023, cerca de 60% da receita da Tesla veio de vendas internacionais, o que expõe a vulnerabilidade da companhia a barreiras comerciais.
A relação próxima entre Musk e Trump gera debates. Enquanto o CEO da Tesla integra grupos de conselheiros empresariais que apoiam a desregulamentação estatal, analistas apontam que a escalada de tensões comerciais pode prejudicar justamente setores high-tech, dependentes de cadeias globais. “Musk caminha sobre uma corda bamba: apoia agendas políticas que beneficiam seu negócio nos EUA, mas coloca em risco a expansão internacional da Tesla”, comentou Claudia Navarro, economista especializada em comércio exterior, em entrevista ao Valor Econômico.
O cenário preocupa outros exportadores americanos. Segundo o U.S. Chamber of Commerce, as tarifas retaliatórias custaram aos EUA até US$ 58 bilhões em exportações entre 2018 e 2021. Para a Tesla, o risco é ainda maior: a empresa planeja ampliar fábricas na Alemanha e na China, mercados onde disputa espaço com rivais locais subsidiadas por governos.
Enquanto isso, Musk segue defendendo cortes de impostos e menos intervenção estatal — bandeiras caras a Trump. A pergunta que fica é se a estratégia política do bilionário, embora vantajosa domesticamente, terminará por isolá-lo em um mundo cada vez mais fragmentado por guerras comerciais.
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