Em postagem nas redes sociais, ex-presidente dos EUA amplia pressão econômica e relaciona suspensão do acordo do TikTok às tensões bilaterais.
Nesta segunda-feira (7 de abril de 2025), Donald Trump acirrou a disputa comercial entre Estados Unidos e China ao ameaçar elevar para 50% as tarifas de produtos importados chineses caso o país asiático não revogue suas retaliações até esta terça-feira (8). A declaração, feita em sua plataforma digital, reforça a estratégia agressiva que marcou seu governo (2017-2021) e sinaliza uma escalada nas tensões, que já impactam mercados globais.
“Se a China não retirar seu aumento de 34% — acima de seus abusos comerciais de longo prazo — até amanhã, os EUA imporão tarifas adicionais de 50%”, escreveu Trump, referindo-se às medidas chinesas anunciadas após os EUA terem elevado impostos sobre setores estratégicos na semana passada. O republicano minimizou os efeitos negativos no mercado financeiro: “Os EUA sairão mais fortes após esta medida”, afirmou, em resposta a jornalistas.
TikTok na Mira da Disputa
Trump também revelou que o acordo para a venda do TikTok nos EUA — rede social controlada pela chinesa ByteDance — foi suspenso devido à recusa de Pequim em aprovar a operação. Segundo ele, a decisão foi uma retaliação direta às tarifas americanas: “Se eu reduzisse um pouco as tarifas, eles aprovariam esse acordo em 15 minutos. Isso mostra o poder das tarifas”, declarou. A plataforma, alvo de preocupações sobre segurança de dados, enfrenta restrições nos EUA desde 2020, quando Trump tentou forçar sua venda para empresas norte-americanas.
Contexto e Repercussões
Analistas apontam que a retórica de Trump reflete uma estratégia para consolidar apoio político interno, mas alertam para riscos globais. Em 2024, a Organização Mundial do Comércio (OMC) já havia criticado o protecionismo de ambas as potências, lembrando que a guerra comercial iniciada em 2018 reduziu o PIB mundial em US$ 1,4 trilhão, segundo o FMI.
O anúncio das tarifas de 50% — percentual inédito mesmo para os padrões de Trump — provocou volatilidade nos mercados asiáticos nesta segunda-feira. A bolsa de Xangai fechou em queda de 2,3%, enquanto o dólar fortaleceu-se contra o yuan. Especialistas ouvidos pela Reuters destacam que medidas drásticas podem afetar cadeias produtivas globais, especialmente em tecnologia, agricultura e manufatura.
China Mantém Postura Firme
Até o momento, o governo chinês não se manifestou oficialmente sobre o ultimato, mas, em comunicado recente, o Ministério do Comércio da China classificou as tarifas dos EUA como “contrárias às regras internacionais” e prometeu “defender vigorosamente os interesses nacionais”. Observadores acreditam que Pequim pode retaliar com restrições a empresas americanas ou boicotes a produtos agrícolas, como ocorreu em 2018.
O Que Esperar?
Com o prazo expirando em 24 horas, a comunidade internacional aguarda o próximo movimento de Pequim. Enquanto isso, a postura de Trump reacende o debate sobre o futuro da globalização e o papel das tarifas como arma geopolítica. Uma coisa é certa: a guerra comercial EUA-China, longe de arrefecer, entrou em uma nova e perigosa fase.
(Fontes: Reuters, Financial Times, BBC, declarações oficiais e análise de mercado.)