Datafolha: 56% dos brasileiros rejeitam anistia a responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro


Pesquisa revela divisão da opinião pública sobre punição aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 2023 e divide avaliação sobre penas aplicadas pelo STF.

Um levantamento do Datafolha, divulgado nesta segunda-feira (7 de abril de 2025), aponta que 56% dos brasileiros são contra a anistia aos responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. A pesquisa, realizada entre 1º e 3 de abril, ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios, com margem de erro de 2 pontos percentuais.

Os números mostram que, embora a maioria ainda rejeite o perdão, o apoio à anistia cresceu: há um ano, 63% eram contra , e hoje o índice caiu para 56%, enquanto os favoráveis subiram de 31% para 37% . A polarização política é evidente: 72% dos simpatizantes do PL (partido de Jair Bolsonaro) defendem a anistia, contra 90% de opositores entre eleitores do PSOL .


Detalhes da pesquisa

  • Anistia:
  • Contra: 56%
  • A favor: 37%
  • Não sabem: 6%
  • Indiferentes: 2%
  • Dosimetria das penas (aplicadas pelo STF):
  • Deveriam ser menores: 36%
  • São adequadas: 34%
  • Deveriam ser maiores: 25%
  • Não sabem: 5%

A divisão sobre a severidade das penas reflete debates recentes. Enquanto o STF já condenou mais de 250 pessoas a penas de até 17 anos por crimes como “tentativa de golpe” e “dano qualificado” , parte da população considera que a Justiça está sendo rígida demais (36%) ou branda demais (25%) .


Contexto político e reações

O tema da anistia ganhou força após Jair Bolsonaro defender publicamente o perdão aos “pobres coitados presos” durante um ato na Avenida Paulista em fevereiro de 2024 . Entretanto, até entre seus eleitores, a proposta não é unânime: 45% dos que votaram nele em 2022 apoiam a anistia, contra 53% contrários .

Já entre os eleitores de Lula, a rejeição chega a 72%, reforçando a clivagem ideológica . Grupos como funcionários públicos (68% contra) e moradores do Nordeste (66%) são os mais críticos à anistia, enquanto assalariados informais (38% a favor) e evangélicos (37%) tendem a apoiar .


O que diz a Justiça?

O STF mantém firmeza nas condenações: 546 acusados fecharam acordos de não persecução penal, confessando crimes e cumprindo medidas como serviços comunitários e cursos sobre democracia. Outros 237 rejeitaram acordos e receberam penas alternativas, como proibição de usar redes sociais . Enquanto isso, um projeto de lei que propõe anistia tramita na Câmara, pressionado por bolsonaristas, mas enfrenta resistência de partidos como o PT .


A pesquisa do Datafolha reforça que, mesmo após dois anos dos ataques, o 8 de Janeiro segue como um divisor de águas na política brasileira. A maioria rejeita o perdão, mas o crescimento do apoio à anistia sinaliza que o tema continuará a inflamar debates — especialmente em um Congresso dividido e sob a sombra de novas manifestações bolsonaristas .

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