Dados do Censo Revelam Queda Histórica na Educação de Jovens e Adultos
O Censo Escolar 2024, divulgado pelo Inep, apontou uma redução nacional de 20,4% nas matrículas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) desde 2020. No Distrito Federal, a situação é ainda mais crítica: entre 2021 e 2024, houve queda de 28,9% nas matrículas, segundo a Secretaria de Educação do DF (SEEDF) . Especialistas alertam que o fechamento de escolas e a falta de políticas públicas eficientes estão acelerando o abandono escolar, especialmente entre trabalhadores e populações vulneráveis.
Fechamento de Escolas e Acessibilidade: Um Círculo Vicioso
O DF registrou o fechamento de turmas e unidades de EJA sem consulta prévia à comunidade, conforme denúncias do Fórum Distrital de Educação. A professora Edileuza Fernandes, da Universidade de Brasília (UnB), explica que a maioria dos estudantes da modalidade trabalha durante o dia e depende de escolas próximas para estudar à noite. “O fechamento de unidades dificulta o acesso e corrobora o abandono”, afirma .
A migração de alunos do ensino médio regular para a EJA também preocupa. Muitos buscam acelerar a formação para ingressar no mercado de trabalho, mas enfrentam barreiras logísticas. “Se não há escola perto de casa ou do trabalho, o estudante desiste”, reforça Fernandes .
Evasão Escolar: Trabalho x Estudo
Dados do Censo mostram que 41,7% dos jovens de 14 a 29 anos abandonam a escola por necessidade de trabalho . No DF, a pandemia agravou esse cenário: desemprego e priorização da renda familiar levaram muitos a deixar os estudos. Sheila Rodrigues, professora da EJA no Paranoá, relata que turmas estão sem docentes, e alunos têm aulas apenas dois dias por semana. “Eles chegam à escola e voltam para casa desalentados”, descreve .
Medidas da SEEDF: Busca Ativa e Parcerias
Para reverter a queda, a SEEDF lançou o Plano de Ação “Busca Ativa na EJA”, com distribuição de panfletos e campanhas em locais como terminais rodoviários e restaurantes comunitários. A secretaria também descentralizou a oferta de vagas, disponibilizando a EJA em 101 escolas do DF, e estuda parcerias com a Secretaria de Desenvolvimento Social para implementar a Bolsa Alfabetização .
Entretanto, críticos apontam falhas estruturais. O Sinpro-DF denuncia a falta de investimento em transporte noturno e a extinção de turnos, além da reintrodução de turmas multietapas, considerada um retrocesso pedagógico .
Especialistas Apontam Soluções
- Fortalecimento de Políticas Públicas: Revisão do Plano Distrital de Educação para incluir metas de acesso e permanência na EJA, com aumento do financiamento .
- Integração com Serviços Sociais: Parcerias com CRAS e Defensoria Pública para oferecer suporte jurídico e psicológico aos estudantes .
- Incentivos Financeiros: Expansão de programas como o “Pé de Meia” e a Bolsa Alfabetização para reduzir a evasão .
- Infraestrutura e Formação Docente: Melhorias nas escolas noturnas e capacitação de professores para lidar com o perfil diversificado da EJA .
Conclusão: Um Direito Ameaçado
A EJA é essencial para reduzir desigualdades e garantir o direito à educação, mas enfrenta um projeto de desmonte, segundo o Sinpro-DF. “Superar o analfabetismo exige combinação de políticas: transporte, alimentação e emprego”, defende a entidade . Enquanto o DF não priorizar investimentos e diálogo com a comunidade, o fantasma do fechamento de escolas e da evasão continuará a assombrar a educação pública.
Fontes:
Palavras-chave: EJA, evasão escolar, Censo Escolar 2024, fechamento de escolas, DF, educação de jovens e adultos.
Matéria atualizada em 12/04/2025.