— O psicólogo Alex Sandro Lourenço, de 47 anos, foi condenado nesta segunda-feira (14) a 9 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de estupro de vulnerável e ato obsceno, após ser filmado por vizinhos agredindo sexualmente uma paciente durante uma consulta em seu consultório na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. A sentença, proferida em 18 de março, expõe um caso que mobilizou a comunidade local e revelou uma série de denúncias anteriores contra o profissional .
O crime e a prisão em flagrante
No dia 25 de setembro de 2024, vizinhos do consultório flagraram Lourenço agarrando e beijando à força uma paciente de 23 anos, que sofria de Transtorno Dissociativo de Identidade e Ansiedade Social, condições que a tornavam juridicamente vulnerável. As imagens, capturadas através das janelas sem cortinas do local, mostravam o psicólogo praticando atos libidinosos de forma ostensiva. Os moradores socorreram a vítima, que saiu do local em estado de choque, e acionaram a Polícia Militar, que prendeu Lourenço em sua casa horas depois .
A vulnerabilidade da paciente foi um dos pilares da condenação. Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o psicólogo se aproveitou da relação profissional para cometer o abuso, violando a ética da psicologia. A sentença destacou que ele agiu com “conduta antiética e destoante do que se espera de um profissional da área” .
Janelas escancaradas e múltiplas vítimas
Os vizinhos relataram à polícia que já haviam presenciado situações similares envolvendo Lourenço e outras mulheres, possivelmente pacientes, em seu consultório. Gravações anteriores, entregues às autoridades, mostravam o psicólogo praticando atos obscenos de forma recorrente, inclusive em 29 de agosto de 2024, contra outra mulher. “Ele sempre deixava as janelas abertas, mesmo sabendo que crianças moravam nos prédios vizinhos”, relatou uma testemunha .
Após a prisão, pelo menos quatro ex-pacientes compareceram à delegacia para relatar abusos supostamente cometidos por Lourenço em 2021, casos que ainda estão sob investigação. A defesa do psicólogo, que nega as acusações, anunciou recurso contra a condenação, alegando que a paciente teria iniciado o contato físico — versão descartada pelas autoridades com base nas filmagens .
Impacto na comunidade e questionamentos éticos
O caso levantou debates sobre a falta de fiscalização em consultórios psicológicos. O Conselho Regional de Psicologia (CRP-PR) e o Conselho Federal (CFP) foram procurados para comentar o caso, mas, até o momento, mantêm o registro de Lourenço como ativo em seus sistemas .
A promotoria ressaltou a necessidade de proteção a pacientes vulneráveis e orientou possíveis novas vítimas a denunciarem através da 8.ª Promotoria de Justiça de Ponta Grossa. “Esse caso não é isolado. A impunidade só é quebrada quando a sociedade se mobiliza”, afirmou um representante do MP-PR .
Próximos passos
Enquanto Lourenço cumpre prisão preventiva na cadeia pública de Ponta Grossa, o processo segue em sigilo judicial. A expectativa é que o recurso da defesa seja analisado pelo Tribunal de Justiça do Paraná nas próximas semanas. Para a comunidade local, a condenação representa um alívio, mas também um alerta: “Não dá para confiar cegamente em quem deveria cuidar da nossa saúde mental”, desabafou uma moradora .