Senador lidera pesquisas, mas embates internos e divisão de poder na aliança entre partidos ameaçam projeto eleitoral.
A pré-candidatura de Sergio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná em 2026, embora liderando todas as pesquisas recentes , enfrenta turbulências internas que podem redefinir o jogo político no estado. O principal obstáculo surge com a formação da federação entre PP e União Brasil, aliança que promete unir forças nacionalmente, mas que, no Paraná, expõe rivalidades e disputas por espaço — ameaçando a coesão necessária para viabilizar o ex-juiz como candidato único da sigla.
A Federação que divide em vez de unir
A proposta de federação entre PP e União Brasil, em discussão desde 2023, avança em Brasília com o objetivo de criar a maior bancada do Congresso e um fundo eleitoral bilionário (R$ 1 bilhão) para 2026 . No Paraná, porém, a união é sinônimo de tensão. Enquanto Moro mira o Palácio Iguaçu, o PP local, liderado pelo deputado Ricardo Barros, planeja lançar o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), ao governo, além de ambicionar uma vaga ao Senado .
Barros, aliado do atual governador Ratinho Jr. (PSD), já declarou que Moro “não deveria estar na política” e insinuou riscos de impugnação da candidatura do senador devido a investigações sobre suposto caixa dois . A divisão reflete um impasse estratégico: o PP busca manter influência na sucessão de Ratinho Jr., enquanto o União Brasil tenta capitalizar a popularidade de Moro, que atinge até 55,8% nas pesquisas em cenários estimulados .
Moro na corda bamba: entre popularidade e conflitos
Apesar dos embates partidários, Moro mantém vantagem eleitoral. Pesquisas de fevereiro de 2025 mostram o senador com até 54% dos votos válidos contra potenciais adversários como Rafael Greca (PSD) e Cida Borghetti (PP) . Seu discurso antifraude e anticriminalidade ressoa entre eleitores preocupados com uma possível vitória do PT em 2026: “Precisamos de um governador forte para proteger o Paraná”, afirmou Moro, vinculando sua candidatura a um projeto de oposição nacional .
Para consolidar apoio, Moro já percorre o interior paranaense, apoiando candidaturas municipais do União Brasil e aliados, como Christiano Puppi (PP) em Campo Largo e Márcio Pacheco (PP) em Cascavel . A estratégia visa construir uma base local sólida e contrapor-se a eventuais aliados de Ratinho Jr., como o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), cotado como adversário direto em 2026 .
O jogo de alianças e o fantasma da janela partidária
A federação PP-União Brasil ainda não está consolidada, e deputados estaduais do União Brasil já discutem a possibilidade de migrar para outras siglas caso a aliança se concretize . Enquanto isso, Moro busca negociar um acordo com o próprio Ratinho Jr. para obter apoio do PSD, partido do governador, em troca de alianças nacionais .
O cenário é complexo: se a federação avançar, PP e União Brasil terão que definir single candidates em cada estado. No Paraná, isso exigirá concessões — seja Moro cedendo espaço ao PP no Senado, seja o PP abrindo mão de sua candidatura ao governo . Caso contrário, a divisão de votos entre os partidos da federação pode beneficiar adversários, como o PT, que projeta o deputado Enio Verri como candidato .
Conclusão: uma tempestade que ameaça o horizonte
A trajetória de Moro ao governo do Paraná ilustra o paradoxo da política brasileira: popularidade eleitoral não basta sem apoio partidário. Enquanto a federação PP-União Brasil promete força nacional, no Paraná ela semeia discórdia. Resta ao ex-juiz da Lava Jato equilibrar-se entre a base eleitoral, as rusgas internas e a sombra de Ratinho Jr., que ainda pode definir os rumos da sucessão. Em 2026, o eleitor paranaense decidirá se a tempestade partidária afundou ou apenas adiou o projeto de Moro.
Fontes consultadas: Gazeta do Povo, CNN Brasil, ICL Notícias, Estadão, Portal Tela, O Globo, Mandato Bahia.