Governo impulsiona plano de saúde acessível a R$ 100; entenda os riscos e oportunidades para empresas como Hapvida
O governo federal anunciou apoio à criação de um plano de saúde popular com mensalidades a partir de R$ 100, voltado para consultas e exames básicos, excluindo cobertura para internações. A iniciativa, que visa ampliar o acesso à saúde suplementar para milhões de brasileiros, gerou debate sobre seu impacto em operadoras já consolidadas no segmento econômico, como a Hapvida.
De acordo com análise do BTG Pactual, a nova modalidade representa mais uma oportunidade do que uma ameaça para a Hapvida, líder no mercado de planos populares. O banco ressalta que o modelo proposto pelo governo atende a um público específico — como trabalhadores informais e jovens sem benefícios empresariais —, enquanto a operadora mantém vantagem competitiva com planos mais abrangentes, incluindo atendimento emergencial e cirúrgico.
Dados complementares da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) revelam que, em 2023, os planos populares (com mensalidades abaixo de R$ 200) já respondiam por 18% do mercado de saúde suplementar, com crescimento anual de 7%. A Hapvida, que tem 7,4 milhões de clientes, é a principal protagonista nesse nicho, seguida por SulAmérica e Prevent Senior.
Especialistas apontam que a iniciativa governamental pode, na verdade, estimular a formalização do setor, atraindo novos consumidores que, no futuro, migrariam para planos mais completos. “A Hapvida tem estrutura para competir com produtos segmentados e já negocia parcerias com redes próprias de clínicas, o que reduz custos”, explica João Pedro Brugger, analista da Empiricus Research.
Reações do mercado:
- Após o anúncio, as ações da Hapvida (HAPV3) tiveram queda moderada de 1,5% na Bolsa, recuperando-se parcialmente após a divulgação da nota do BTG.
- O governo sinalizou que o plano de R$ 100 terá isenção fiscal para operadoras participantes, medida que pode atrair até pequenas empresas do setor.
Para onde vai o mercado?
Enquanto o projeto ainda depende de regulamentação da ANS, a Hapvida já estuda lançar uma linha ultraeconômica para não perder espaço. “A concorrência é bem-vinda, mas quem tem escala e eficiência operacional sai na frente”, afirma Carla Moreira, economista da XP Investimentos.