Médica influencer suspensa após cortar bexiga de paciente em parto: ‘Erro jamais visto’, diz perito


Em um caso que expõe falhas graves na assistência ao parto, a médica obstetra Anna Beatriz Herief, conhecida como Bia Herief, teve seu registro suspenso pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) após denúncias de violência obstétrica. O episódio mais chocante ocorreu durante uma cesariana de emergência, quando a médica cortou a bexiga da paciente Larissa Bastos Kaehler, confundindo o órgão com o útero. O erro, classificado como “surreal” por um perito, resultou em complicações severas para mãe e bebê .

O ERRO CIRÚRGICO QUE CHOCOU ESPECIALISTAS

Durante o parto de Larissa, diagnosticada com pré-eclâmpsia (hipertensão gestacional), a médica realizou uma incisão na região pélvica, mas, segundo o laudo do obstetra Ivo Costa Júnior, “retirou o feto por dentro da bexiga”, um procedimento considerado inédito na obstetrícia. O bebê, que nasceu sem batimentos cardíacos, foi reanimado, mas enfrenta riscos de danos cerebrais devido à falta de oxigenação durante o parto .

A defesa de Herief alega que o corte na bexiga foi intencional para “salvar o bebê em emergência fetal”, mas o perito contesta: “Não há justificativa técnica para esse procedimento” .


VÍTIMAS RELATAM PRÁTICAS ABUSIVAS E FALTA DE CONSENTIMENTO

Além de Larissa, outras quatro mulheres denunciaram a médica, que cobrava até R$ 20 mil por partos “humanizados”. Entre os relatos:

  1. Isadora Bueloni, também médica, acusou Herief de administrar ocitocina (hormônio que intensifica contrações) sem autorização, aumentando sua dor. “Implorava por analgesia, mas ela ignorou”, disse .
  2. Roberta Mendes teve uma artéria costuada ao ureter durante a cesariana, causando dores crônicas e dificuldade respiratória. Um perito apontou “negligência e imperícia” na cirurgia .
  3. Bianca Angelim perdeu o filho após ser induzida a mentir sobre sua hipertensão para evitar a UTI. “Custou a vida do meu filho”, desabafou .

CONTEXTO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL

O caso reflete um problema nacional: 45% das mulheres atendidas pelo SUS e 30% em hospitais privados sofrem violência obstétrica, segundo a Fiocruz . Práticas como procedimentos sem consentimento, uso excessivo de intervenções (como o vácuo-extrator, aplicado sete vezes no parto de Larissa, contra as três recomendadas) e negligência são frequentes .

Apesar da Lei 11.108/05, que garante acompanhante durante o parto, pacientes como Ellen Ribeiro ainda relatam violações, incluindo racismo obstétrico e falta de acesso a exames básicos .


REPERCUSSÃO E MEDIDAS JUDICIAIS

O Cremerj renovou a suspensão de Herief por mais seis meses, enquanto tramita o processo para cassar seu registro. A advogada Roberta Milanez, representante das vítimas, busca reparação por danos morais e materiais. A defesa da médica nega todas as acusações: “Não há indícios de negligência”, afirmou o advogado Matheus Chiocheta .


PARA SABER MAIS:

  • Violência obstétrica no Brasil: 1 em cada 4 mulheres já foi vítima, segundo a Fundação Perseu Abramo .
  • Direitos das gestantes: Acompanhante durante o parto é garantido por lei desde 2005 .

Fontes: G1 (), UOL (), Câmara dos Deputados (), BBC Brasil ().


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