O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) projeta um aumento expressivo nas exportações brasileiras de soja e carnes (bovina, suína e aves) para a China em meio a tensões comerciais globais. A declaração foi feita pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do órgão, Luis Rua, durante evento em Brasília nesta semana.
Segundo Rua, a China, maior parceira comercial do Brasil, busca diversificar seus fornecedores diante de disputas tarifárias com outros países, como os Estados Unidos e nações da União Europeia. “Há uma janela estratégica para o Brasil consolidar sua posição como fornecedor prioritário, não apenas de soja, mas também de proteínas animais”, afirmou.
Dados Reforçam Otimismo
- Soja: Em 2023, a China importou 70% da soja brasileira, totalizando 64 milhões de toneladas (dados da Comex Stat). Com a expectativa de safra recorde em 2024 (156 milhões de toneladas, segundo a CONAB), o país asiático pode ampliar compras para suprir demandas internas e reduzir dependência de concorrentes.
- Carnes: As vendas de carne bovina para os chineses cresceram 35% no primeiro trimestre de 2024, enquanto as de frango subiram 22% (ABPA). A suinocultura também ganha fôlego, com alta de 18% nas exportações, impulsionada pela recuperação do rebanho chinês pós-epidemia de peste suína africana.
Contexto Internacional
A guerra tarifária entre China e EUA, que se intensificou em 2024 com sobretaxas sobre produtos como aço e tecnologia, está redirecionando o fluxo de commodities. Analistas do Rabobank destacam que o Brasil é o “mais beneficiado” nesse cenário, graças a acordos bilaterais recentes, como o facilitado pelo presidente Lula durante visita a Pequim em 2023.
Desafios Logísticos
Apesar do otimismo, especialistas alertam para gargalos:
- Infraestrutura: Portos como o de Santos operam no limite, com filas de até 20 dias para embarques.
- Concorrência: Argentina e Rússia ampliam ofertas de trigo e milho a preços competitivos.
Próximos Passos
O MAPA anunciou parcerias com a iniciativa privada para expandir rotas ferroviárias e portuárias, além de investir em rastreabilidade para atender exigências sanitárias chinesas. “Estamos trabalhando para que o Brasil seja não só um fornecedor, mas um parceiro de longo prazo”, concluiu Rua.