“Chora na cama que é quente”: servidores de SP se sentem humilhados com aumento de 2,6% e disparam mensagens a vereadores


Servidores públicos da cidade de São Paulo intensificaram a pressão sobre os vereadores após a aprovação, em primeira votação na Câmara Municipal, do reajuste salarial de apenas 2,6%. A proposta, considerada muito abaixo da inflação e das expectativas da categoria, tem gerado indignação e relatos de tratamento desrespeitoso por parte de alguns parlamentares.
A insatisfação dos servidores, principalmente das áreas da educação e saúde, transbordou para as redes sociais, onde mensagens trocadas entre membros da categoria revelam um clima de frustração e revolta. Em um dos relatos que viralizou, uma servidora expõe a tentativa de contato com os vereadores e a resposta desanimadora recebida: “Eles foram em todos os gabinetes (vereadores) pra conversar… E ouviram que ‘não adianta! Aqui a esquerda não tem Votos suficientes!’ Enquanto os servidores, principalmente da educação e saúde, não aprenderem que temos que eleger ‘gente nossa!’ Vai ser difícil negociar e obter direitos!”, desabafa a mensagem.
Outro trecho da conversa detalha a organização dos servidores para tentar influenciar a votação. “Antes da última votação, Giannazi fez um formulário, que era só a gente preencher e clicar na foto do vereador escolhido, que este ser receberia automaticamente uma mensagem… Tipo pra repensar, e reconsiderar o voto quanto ao nosso aumento…”, explica a mensagem. No entanto, a resposta de um vereador específico causou ainda mais indignação: “Cada servidor que enviou a mensagem, este ser respondeu com este vídeo e com uma frase debochada. Detalhe: celular corporativo. É dinheiro público. Teve uma servidora que ele respondeu: ‘Chora na cama que é um lugar quente!’ Agora… Vocês acham… Realmente que tem alguma negociação com este tipo de gente? E temos mais 04 anos disso daí pela frente… Não adianta culpar os sindicatos.”
A atitude do vereador, cuja identidade não foi revelada na conversa, gerou forte repúdio entre os servidores, que questionam a postura de representantes eleitos com o dinheiro público. O episódio expõe a tensão entre o funcionalismo municipal e parte da base governista na Câmara.
Aumento Considerado Insuficiente e Greve em Curso
A proposta inicial da prefeitura de São Paulo, que previa o reajuste de 2,6% a partir de maio deste ano e mais 2,55% em 2026, totalizando 5,15%, foi aprovada em primeira votação no dia 23 de abril, mesmo diante de protestos e manifestações dos servidores que reivindicavam um aumento maior, alegando perdas salariais acumuladas e um índice abaixo da inflação.
De acordo com informações do Brasil de Fato, a oposição chegou a apresentar uma proposta alternativa com um reajuste de 6,45% a partir de 1º de maio de 2025 e mais 6,45% a partir de 1º de novembro de 2026, totalizando quase 13%. No entanto, essa sugestão não foi acatada na primeira votação.
Os servidores municipais, incluindo professores, chegaram a deflagrar greve em busca de um reajuste mais justo. Segundo a TVT News, a categoria reivindicava um aumento de 12,52%. A mesma fonte informa que, apesar da aprovação do reajuste de 2,6%, houve avanços em relação ao vale-refeição e vale-alimentação, com um aumento de 5,21%.
Próximos Passos e a Luta por Valorização
Apesar da aprovação em primeira votação, o tema ainda deve gerar debates e novas tentativas de negociação. A pressão dos servidores, evidenciada pelas mensagens e pelas manifestações, demonstra a insatisfação generalizada com o índice proposto. Resta saber se os vereadores irão reconsiderar o posicionamento diante da crescente pressão da categoria, que se sente desvalorizada e desrespeitada. A frase que ecoa nas conversas dos servidores, “Ele tem ido…”, seguida do relato da servidora Claudete quase em lágrimas, ilustra a batalha inglória que muitos sentem estar travando em busca de seus direitos.

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