Belém (PA) e outras localidades: Mesmo após o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciar a suspensão dos descontos de mensalidades de entidades associativas há oito dias, milhares de aposentados e pensionistas em todo o Brasil continuam a ter valores subtraídos de seus benefícios. A situação, que se arrasta por 14 dias desde que o escândalo de fraudes bilionárias veio à tona, gera indignação e incerteza entre os beneficiários.
Um aposentado de Belém, no Pará, que preferiu não se identificar, relatou ao g1 um desconto de R$ 81,57 previsto para esta quarta-feira (7). O caso se repete com outra aposentada da mesma capital, que teve o mesmo valor descontado na terça-feira (6), conforme informado por sua advogada. A demora na efetivação da suspensão dos descontos pelo INSS, bem como a ausência de informações sobre a devolução dos valores já descontados, tem revoltado as vítimas.
O problema expõe a fragilidade no sistema de controle do INSS, que permitiu que associações filiassem indevidamente milhões de aposentados e pensionistas, gerando um prejuízo estimado em bilhões de reais. Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que algumas dessas entidades chegaram a filiar mais de 1,5 mil pessoas por hora, arrecadando quantias significativas através dos descontos automáticos nos benefícios. Em setembro de 2024, o montante arrecadado por essas associações alcançou a cifra de R$ 229,4 milhões, abrangendo cerca de 5,9 milhões de aposentados.
Diante da magnitude do escândalo, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o governo e o INSS apresentem, em um prazo de 15 dias, um plano detalhado para o ressarcimento das vítimas. A expectativa é que a devolução dos valores seja feita de forma automática, creditada na mesma conta onde o beneficiário recebe seu pagamento. O governo também estuda a criação de um canal específico para que os aposentados e pensionistas possam solicitar o reembolso.
Apesar da promessa de agilidade no processo de ressarcimento, a persistência dos descontos demonstra a complexidade em estancar a fraude e a morosidade do sistema em proteger os direitos dos beneficiários. A falta de clareza sobre o número exato de pessoas lesadas e a dificuldade em distinguir os descontos autorizados dos fraudulentos também dificultam a definição do valor total a ser devolvido, que pode ultrapassar a marca de R$ 6,3 bilhões, chegando a estimativas ainda maiores, como R$ 90 bilhões.
Enquanto o impasse não se resolve, aposentados como o morador de Belém e a outra beneficiária da capital paraense continuam a arcar com descontos não autorizados, comprometendo ainda mais suas já fragilizadas finanças. A urgência por uma solução definitiva e pela responsabilização dos envolvidos se torna cada vez mais premente para garantir a segurança e a dignidade da parcela mais vulnerável da população.
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INSS falha e aposentados continuam sofrendo descontos fantasmas: oito dias após suspensão, pesadelo persiste
