Rio de Janeiro – O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) elevou a pressão por justiça no caso do trágico incêndio que devastou o centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019. O órgão formalizou o pedido de condenação de todos os acusados de responsabilidade pela fatalidade que resultou na morte de dez adolescentes das categorias de base do clube carioca e deixou outros três feridos.
Após uma extensa investigação, que incluiu o depoimento de mais de 40 testemunhas ao longo dos anos, o MPRJ emitiu uma nota reforçando sua convicção sobre a culpabilidade dos envolvidos. “Diante da complexidade do caso e a pluralidade de acusados, o MPRJ entendeu que o conjunto probatório angariado comprova plenamente a responsabilidade criminal dos denunciados que ocupavam cargos com ingerência na administração do referido CT”, declarou o Ministério Público.
Embora a nota oficial divulgada na segunda-feira (12) não detalhe os nomes de todos os acusados, reportagens recentes indicam que o pedido de condenação recai sobre sete pessoas, acusadas por “crime de incêndio culposo”. Entre os nomes que figuram nas investigações e foram mencionados em diferentes momentos do processo estão figuras importantes da gestão do clube à época da tragédia, bem como responsáveis técnicos pela estrutura do centro de treinamento.
Segundo informações apuradas, o MPRJ requer a condenação de Antonio Marcio Mongelli Garotti, ex-diretor de Meios do Flamengo; Marcelo Maia de Sá, ex-diretor adjunto do Patrimônio (Obras) do clube; os engenheiros Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes, responsáveis pela fabricação e instalação dos contêineres onde os jovens atletas dormiam; e Edson Colman da Silva, encarregado da manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. Em momentos anteriores do processo, chegaram a ser indiciados o então presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e o diretor financeiro do clube à época, Márcio Garotti.
A tragédia expôs graves falhas de segurança e negligência nas instalações do Ninho do Urubu, que funcionava sem as devidas licenças e em condições inadequadas para abrigar os jovens atletas. A ausência de um plano de emergência e a precariedade das acomodações foram apontadas como fatores que contribuíram para o trágico desfecho.
O pedido de condenação do Ministério Público representa um passo crucial na busca por justiça para as famílias das vítimas, que há mais de seis anos aguardam uma resposta das autoridades. A expectativa é que a Justiça do Rio de Janeiro analise o pedido do MPRJ e dê andamento ao processo, visando responsabilizar os culpados por essa dolorosa perda para o esporte brasileiro.
Tragédia no ninho: justiça cobra condenação de acusados por incêndio que vitimou jovens promessas do Flamengo
