Em meio a um cenário político e jurídico cada vez mais intrincado, o ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta segunda-feira (9) o impacto da delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, afirmando categoricamente que “não tem por que” ser condenado. As declarações, proferidas a jornalistas, buscam dissipar as nuvens de incerteza que pairam sobre seu futuro legal, especialmente diante das acusações de tentativa de golpe de Estado.
A delação de Mauro Cid, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que se desenrola sob sigilo, é vista por muitos como um divisor de águas nas investigações que envolvem o ex-presidente. Fontes próximas à investigação, cujas informações teriam sido amplamente divulgadas em veículos de imprensa (como Folha de S.Paulo, O Globo e G1), indicam que Cid teria detalhado supostos planos para anular o resultado das eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder. A extensão e o teor dessas revelações são o principal ponto de apreensão para a defesa do ex-presidente.
Bolsonaro, por sua vez, adota uma postura de aparente tranquilidade. “Não vou confrontar o Mauro Cid. Ele está fazendo o que tem que fazer”, declarou, evitando embates diretos com seu ex-auxiliar. Essa estratégia sugere uma tentativa de descredibilizar a delação sem, contudo, atacar diretamente o delator, talvez para não dar mais peso às suas palavras. O ex-presidente reiterou sua inocência em relação à acusação de tentativa de golpe, que se tornou um dos eixos centrais das investigações da Polícia Federal e do STF.
As investigações do que a imprensa tem chamado de “trama golpista” ganharam força nos últimos meses, com a inclusão de nomes de militares de alta patente e ex-ministros do governo Bolsonaro. Os indícios apontam para reuniões e elaboração de minutas de decretos que visavam a intervenção no processo eleitoral e a manutenção do poder. A delação de Cid, nesse contexto, surge como uma peça-chave, prometendo ligar pontas e fornecer detalhes que até então eram apenas especulações.
Para especialistas em direito constitucional e penal, a fala de Bolsonaro, embora esperada, denota uma confiança em sua versão dos fatos. No entanto, a delação premiada, por sua natureza, tem o poder de apresentar novas provas e evidências que podem mudar o rumo das investigações. A expectativa agora se volta para os próximos passos do STF e da Polícia Federal, que deverão analisar a fundo o que foi revelado por Mauro Cid e, a partir daí, decidir sobre futuras diligências e eventuais indiciamentos.
Enquanto a justiça segue seu curso, o tabuleiro político brasileiro se movimenta. A delação de Cid e as declarações de Bolsonaro mantêm o ex-presidente no centro do debate público, com desdobramentos que podem redefinir o cenário político nos próximos anos. A aguardada “calma” de Bolsonaro será posta à prova à medida que os detalhes da delação de seu ex-ajudante de ordens vierem à tona.
Bolsonaro Desafia Tempestade Jurídica: “Não Tenho Por Que Ser Condenado” e a Calma Antes da Delação Explosiva
