Há 37 anos, em 4 de janeiro de 1988, o Brasil perdeu Henrique de Souza Filho, o Henfil, cartunista, jornalista e escritor cuja obra se tornou símbolo de resistência contra a ditadura militar e de defesa dos direitos dos menos favorecidos. Hemofílico, Henfil contraiu AIDS por meio de uma transfusão de sangue contaminado, evidenciando a precariedade do sistema de controle de sangue no país à época. Sua morte impulsionou campanhas por maior segurança nas transfusões e pelo fim do comércio de sangue no Brasil.
Nascido em Ribeirão das Neves, Minas Gerais, Henfil ganhou notoriedade com personagens icônicos como a Graúna, os Fradinhos e o Capitão Zeferino, que, com humor ácido, criticavam as injustiças sociais e políticas do Brasil. Sua coluna “Cartas da Mãe”, publicada na revista IstoÉ, utilizava o formato de cartas para abordar, com ironia e perspicácia, os desafios enfrentados pelo país durante o regime militar.
Além de sua contribuição artística, Henfil foi um ativista fervoroso. Sua obra esteve intrinsecamente ligada à luta pela redemocratização do Brasil, participando de movimentos como as Diretas Já e clamando pela anistia aos presos políticos. Seu humor serviu como arma poderosa contra a opressão, inspirando gerações a questionar e resistir.
A morte de Henfil, aos 43 anos, trouxe à tona a negligência com a saúde pública no país, especialmente no que tange ao controle de qualidade do sangue utilizado em transfusões. Sua partida precoce não apenas deixou uma lacuna no cenário cultural brasileiro, mas também serviu de alerta para a necessidade de melhorias urgentes no sistema de saúde.
Em 2024, celebraram-se os 80 anos de nascimento de Henfil, com diversas homenagens que relembraram sua importância na defesa da democracia e dos direitos humanos. Instituições culturais e acadêmicas promoveram debates e exposições sobre seu legado, ressaltando a relevância de sua obra nos dias atuais.
Henfil permanece presente na memória coletiva do Brasil, não apenas por seu talento artístico, mas também por seu compromisso inabalável com a justiça social. Sua obra continua a inspirar e a provocar reflexões sobre os rumos da sociedade brasileira, reafirmando a importância do humor como ferramenta de crítica e transformação social.