A semaglutida, princípio ativo do Ozempic, medicamento amplamente utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, está prestes a se tornar mais acessível à população brasileira. Com a expiração da patente prevista para 2026, a produção de versões genéricas poderá reduzir significativamente o custo do medicamento, facilitando sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o preço das ampolas de semaglutida varia entre R$ 800 e R$ 2 mil por mês, dependendo da dosagem, tornando-o inacessível para muitos pacientes. A farmacêutica Prati-Donaduzzi já iniciou pesquisas para a fabricação do genérico, com a expectativa de que o produto esteja disponível nas farmácias a partir de 2026. O CEO da empresa, Eder Maffissoni, destaca que a introdução do genérico ampliará o acesso ao medicamento, citando o exemplo do Viagra, cujo preço caiu de R$ 50 para R$ 0,90 após a chegada do genérico ao mercado.
Além da redução de custos, programas de acompanhamento médico serão essenciais para a efetiva implementação da semaglutida no SUS. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro já planeja um programa de combate à obesidade que incluirá medicamentos como a semaglutida e a liraglutida, inicialmente indicados para o controle da diabetes, mas que se popularizaram devido ao efeito de perda de peso. A expectativa é que o programa seja iniciado em 2026, com um grupo de trabalho já criado para planejar a melhor estratégia de uso do medicamento.
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Karen de Marca, considera a adoção desses medicamentos no serviço público de saúde uma estratégia interessante, pois estudos demonstram diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares e redução de ocorrências de doenças crônicas como hipertensão arterial. Ela enfatiza a importância de um acompanhamento multidisciplinar para o tratamento da obesidade, que deve incluir educador físico, nutricionista, psicólogo, psiquiatra, endocrinologista e clínico geral.
Com a combinação da redução de custos proporcionada pela quebra de patente e a implementação de programas de acompanhamento médico, a semaglutida tem o potencial de se tornar uma opção terapêutica acessível e eficaz para pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade no Brasil, contribuindo para o controle dessas condições e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.