A trágica morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade em uma escola militarizada no Paraná expõe a escalada da precarização e do assédio na educação pública. A reflexão do Professor Regis Clemente da Costa alerta para a urgência de uma mobilização contra o desmonte.
Curitiba, Paraná – A morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade, ocorrida em 30 de maio de 2025 dentro de uma escola pública militarizada no Paraná, acendeu um alerta devastador sobre a saúde física e mental dos educadores no estado. Mais do que um evento isolado, a tragédia ressoa como o ápice de uma série de medidas que, segundo o Professor Regis Clemente da Costa, da UFFS e ex-professor da educação básica paranaense, têm sistematicamente corroído a educação pública e seus profissionais.
A reflexão do Professor Regis, que faz um doloroso paralelo com o poema “Intertexto” de Bertolt Brecht e a célebre pergunta “E agora, José?” de Carlos Drummond de Andrade, traça uma cronologia da precarização. Ele descreve um processo gradual de retirada de direitos e desvalorização, iniciado com a taxação dos aposentados e a imposição de provas para PSS, avançando para o congelamento salarial, o corte da licença-prêmio e a diminuição das horas-atividade.
“Primeiro levaram o fundo de previdência e taxaram os aposentados, mas como não sou aposentado, eu não me importei”, inicia sua análise, em um tom de lamento que se aprofunda a cada nova medida. A reflexão aponta para a introdução de “tutores para fiscalizar escolas, embaixadores para pressionar as escolas no uso das plataformas, diretores para vigiar as aulas, ferramenta de controle digital para produzir dados em tempo real, ranking de frequência”. Tais práticas, muitas vezes mascaradas por promessas de bônus e meritocracia, criam um ambiente de constante pressão e vigilância.
O Professor Regis denuncia ainda a extinção da carreira dos funcionários de escola, a terceirização, a militarização de 312 escolas e as parcerias com grandes empresários, que, sob o pretexto de “resolver os problemas da educação”, abrem caminho para a privatização. “Falaram de resiliência, mas ela só serve ao opressor, para criar corpos dóceis e carne macia para quando o chicote estralar”, afirma, criticando a narrativa que desconsidera o sofrimento dos educadores.
A privatização, que, segundo o texto, já manipula editais para “encher os cofres” de empresários, é o estágio mais avançado desse desmonte. A morte da professora Silvaneide em uma escola militarizada simboliza o ponto crítico dessa desumanização. “Há tempos a educação pública paranaense adoece seus professores. Agora, ela está matando. E não mata só os sonhos, os projetos de vida, a profissão, a formação. Ela está matando o corpo”, alerta o Professor Regis.
A postura do governo, classificada como “cinismo governamental” que “ostenta outdoor como sendo o melhor”, e a atuação de “capitães do mato”, que “naturalizam a barbárie”, são duramente criticadas. A reflexão do Professor Regis é um chamado urgente à mobilização. “É hora de se importar! Dá tempo. A hora é agora. Não permita que roedores destruam a educação pública paranaense, para satisfazer um pequeno grupo de empresários e funcionários públicos que se beneficiam da privatização, de cargos comissionados e status.”
A matéria serve como um pungente lembrete de que a indiferença pode ter consequências fatais. Em memória da professora Silvaneide Monteiro Andrade e em solidariedade a todos os educadores do Paraná, a hora de agir é agora. O governador Ratinho Junior, como destaca o Professor Regis, “não tem o direito de destruir nem a educação pública no Paraná e nem os educadores. Basta!”
Você gostaria de explorar mais a fundo algum dos pontos levantados na matéria, como as políticas de militarização ou os impactos da privatização na educação?
A Educação Sangra no Paraná: Até Quando a Indiferença Matará Nossos Professores ?
