Acordo histórico: Itaipu vai comprar 3 mil hectares para garantir território a indígenas após décadas de conflito no Paraná

Em meio a tensões que perduram há mais de 40 anos, comunidades Avá-Guarani de Guaíra e Terra Roxa, no Oeste do Paraná, celebram anúncio de solução para disputa territorial. Valor da aquisição supera R$ 240 milhões, fruto de ação judicial da União.

O deputado federal Tadeu Veneri (PT) comemorou publicamente nesta quarta-feira (data) o desfecho de um longo embate pela posse de terras indígenas na região de Guaíra. A Usina de Itaipu Binacional confirmou a compra de 3 mil hectares para destinar aos povos Avá-Guarani, grupos tradicionalmente afetados por invasões e violências de fazendeiros e grileiros. A medida integra um acordo judicial mediado pela Advocacia-Geral da União (AGU), como compensação pelos impactos causados pela construção da hidrelétrica na década de 1980, que inundou áreas sagradas e expulsou centenas de famílias indígenas.

Contexto do Conflito
A disputa remonta à criação de Itaipu, quando mais de 80 mil pessoas — incluindo 36 comunidades indígenas — foram desalojadas para a formação do lago da usina. Desde então, os Avá-Guarani lutam pelo reconhecimento de territórios tradicionais, enfrentando ameaças e ataques em áreas reduzidas e degradadas. Dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) apontam que o Paraná registrou 14 conflitos por terras indígenas apenas em 2023, com Guaíra entre os epicentros da violência.

Detalhes do Acordo
O valor da transação, estimado em R$ 240 milhões, será financiado por Itaipu, conforme determinação legal que responsabiliza a empresa por reparações socioambientais. A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) definirá a localização exata das novas terras, priorizando áreas contíguas a territórios já homologados, para ampliação de cultivos e preservação cultural. O STF (Supremo Tribunal Federal) deve homologar o acordo nos próximos meses, garantindo segurança jurídica ao processo.

Repercussão e Próximos Passos
Veneri, conhecido por defensor de causas indígenas no Congresso, destacou: “Esta é uma vitória contra a barbárie. Por anos, denunciei o extermínio silencioso desses povos. Agora, é garantir que a demarcação saia do papel.” Lideranças Avá-Guarani, ainda cautelosas, aguardam consultas públicas para validar a escolha das terras.

Impacto Regional
A iniciativa pode influenciar outros casos no país, como o do povo Guarani-Kaiowá (MS), e reforça a pressão por políticas de reparação a comunidades impactadas por grandes obras. Para Itaipu, o acordo alivia multas ambientais e melhora a imagem internacional da binacional, alinhada a metas de sustentabilidade da ONU.

Enquanto o STF não conclui o processo, os olhos se voltam para o Paraná: um capítulo de resistência indígena está perto de ser ressignificado, mas a implementação prática será o verdadeiro teste para esta promessa de paz.

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