Bolsonarismo mobiliza Avenida Paulista em teste de força por anistia a presos de 8 de Janeiro

Um ato bolsonarista realizado nesta tarde na Avenida Paulista, em São Paulo, tornou-se o centro da estratégia da direita para pressionar o Congresso a avançar no projeto de lei que prevê anistia aos presos do 8 de Janeiro. O evento, organizado pelo PL (Partido Liberal), partido de Jair Bolsonaro, busca reacender o debate público sobre o tema e demonstrar força nas ruas após protestos esvaziados no Rio de Janeiro e a tramitação travada na Câmara dos Deputados.

O contexto do protesto

A manifestação surge em um momento crítico: o PL tenta reverter a estagnação do PL 2.543/2025, que propõe anistia a acusados de participação nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando simpatizantes bolsonaristas invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília. Dos mais de 1.400 presos, cerca de 300 continuam encarcerados, muitos aguardando julgamento.

A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), uma das principais vozes do movimento, defendeu a mobilização como “vital para mostrar ao Legislativo que a sociedade não aceita a criminalização de lutas políticas”. Nas últimas semanas, o PL intensificou discursos em redes sociais e comícios regionais para galvanizar apoiadores, apostando no tema como bandeira eleitoral para 2026.

Estratégia de pressão e divisão no Congresso

Embora o protesto em São Paulo tenha reunido cerca de 5 mil pessoas segundo a organização (contra 1,5 mil estimado pela Polícia Militar), analistas veem o movimento como uma tentativa de reaquecer a base bolsonarista. “A anistia é um tema polarizador. Se o PL conseguir mantê-lo em pauta, fortalece sua narrativa de ‘perseguição política’ e mobiliza o eleitorado”, explica o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.

Porém, a proposta enfrenta resistência até mesmo entre partidos de centro-direita. Líderes do União Brasil e do PP alertam que a anistia pode ser interpretada como impunidade, especialmente após a condenação do STF a mais de 120 envolvidos nos ataques. Já a esquerda, liderada pelo PT, acusa o bolsonarismo de “romantizar o terrorismo” e promete barrar o projeto.

Repercussão e próximos passos

Enquanto manifestantes em São Paulo carregavam faixas com frases como “Liberdade para os patriotas”, o governo Lula reagiu por meio do ministro da Justiça, Ricardo Cappelli: “Não há espaço para anistia a criminosos que atacaram a democracia. A lei deve valer para todos”.

O PL, no entanto, promete ampliar a pressão. Internamente, articula a coleta de 1 milhão de assinaturas para um abaixo-assinado pró-anistia e estuda novas manifestações em capitais como Brasília e Curitiba. A votação do projeto, porém, segue sem data marcada na Câmara, onde depende de apoio de aliados fragmentados.

O que está em jogo: Além do futuro dos presos, a mobilização bolsonarista testa a capacidade de articulação da direita no pós-Bolsonaro e redefine as tensões entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário em um ano marcado por disputas pré-eleitorais.

Com informações de Notícias UOL, Agência Brasil e G1



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