Bolsonaro 2026: o candidato inelegível que divide a direita e gera pressão por um nome alternativo


Enquanto aliados públicos elogiam movimentos do ex-presidente, setores da base articulam prazo para definir candidato “mais ao centro” até o fim de 2025.

Apesar das declarações públicas de apoio a Jair Bolsonaro, líderes de partidos da direita brasileira discutem internamente a necessidade de fixar um prazo — preferencialmente até o final de 2025 — para que o ex-presidente defina um nome mais moderado como candidato à Presidência em 2026. O impasse reflete a tensão entre a lealdade ao líder bolsonarista e o risco de repetir uma derrota eleitoral em um cenário onde o ex-mandatário está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .


A Inegabilidade de Bolsonaro e a Busca por um “Plano B”

Em junho de 2023, Bolsonaro foi declarado inelegível por abuso de poder ao questionar sem provas o sistema eleitoral durante uma reunião com embajadores em 2022. A decisão, considerada definitiva por especialistas, impede sua candidatura em 2026 e coloca a direita diante de um dilema: como manter a influência do bolsonarismo sem seu principal ícone .

Apesar disso, o ex-presidente insiste publicamente que será o candidato da direita, afirmando em outubro de 2024: “O nome é Messias” — em referência a seu segundo nome —, enquanto era acompanhado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seu principal aliado . Entretanto, nos bastidores, partidos como o PL (Partido Liberal) e Republicanos pressionam por um nome que dialogue com o centro político, visto como essencial para ampliar a base eleitoral .


Tarcísio de Freitas: O “Herdeiro” Sob Pressão

Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro e atual governador de São Paulo, é apontado como o nome mais viável para substituí-lo. Com aprovação de 63% em seu estado, ele busca nacionalizar seu discurso, criticando a inflação e o “gasto irresponsável” do governo Lula . Analistas, porém, destacam que sua candidatura exigiria renúncia ao cargo em 2025, algo que ele ainda evita confirmar publicamente .

A estratégia de Bolsonaro, no entanto, parece ambígua: enquanto promove Tarcísio como sucessor, insinua que a “família Bolsonaro” — incluindo a esposa Michelle ou o filho Eduardo — poderia entrar na disputa, mantendo-se como eixo central do movimento .


O Risco da Polarização e o Fantasma de Lula

Do outro lado do espectro, Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta incertezas. Aos 79 anos, problemas de saúde — como uma hemorragia intracraniana em 2023 — levantaram dúvidas sobre sua disposição para buscar a reeleição, embora o PT ainda o trate como candidato natural . Se Lula desistir, nomes como Fernando Haddad (ministro da Fazenda) emergiriam, mas sem o mesmo apelo popular .

A polarização, no entanto, persiste: 30,7% dos eleitores preferem um candidato bolsonarista, enquanto 29,4% optariam por Lula ou um aliado, segundo o instituto MDA . Para analistas como Paulo Calmon (UnB), a disputa em 2026 ainda será marcada por esse eixo, mesmo com novos atores .


O Jogo de Pressões e o Relógio Correndo

A pressão por um prazo até o fim de 2025 reflete o temor de que a indefinição prejudique a construção de alianças. Enquanto Bolsonaro tenta emplacar narrativas de “perseguição política” para mobilizar sua base , setores pragmáticos da direita buscam evitar que a eleição se torne um plebiscito sobre seu legado — estratégia que falhou em 2022, quando perdeu para Lula por 1,8% dos votos .

A ameaça de processos criminais contra Bolsonaro — incluindo acusações de tentativa de golpe em janeiro de 2023 — aumenta a urgência. Se condenado, ele não apenas permanecerá inelegível, mas poderá enfrentar prisão, desestabilizando ainda mais o projeto bolsonarista .


2026: O Ano da Renovação Forçada
As eleições de 2026 podem marcar o fim do duelo Lula-Bolsonaro, mas não da polarização que define o Brasil desde 2018. Enquanto a esquerda luta para encontrar um substituto à altura de Lula, a direita navega entre a lealdade a um líder inelegível e a necessidade de inovar. O prazo até o final de 2025 será decisivo: ou a direita encontra um nome capaz de unir o “centrão” e o bolsonarismo, ou repetirá os erros do passado, deixando o caminho aberto para o PT.


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