O ex-presidente Jair Bolsonaro expressou constrangimento por não poder comparecer à cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, marcada para esta segunda-feira, 20 de janeiro, em Washington. Bolsonaro afirmou que a ausência se deve à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que reteve seu passaporte no âmbito de investigações em curso.
“Estou chateado, abalado ainda. Enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele é o dono do processo. Ele é o dono de tudo”, declarou Bolsonaro, em referência a Moraes.
A defesa de Bolsonaro apresentou dois pedidos ao ministro para que ele pudesse viajar aos Estados Unidos temporariamente, alegando ter recebido um convite de Trump para comparecer ao evento de posse. No entanto, Moraes negou as solicitações, argumentando haver risco real de “tentativa de evasão” por parte do ex-presidente “para se furtar à aplicação da lei penal”. O ministro destacou ainda que Bolsonaro tem defendido a fuga do país e o asilo no exterior para os diversos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Impedido de viajar, Bolsonaro acompanhou sua esposa, Michelle Bolsonaro, até o Aeroporto de Brasília, de onde ela embarcou para representar o marido na cerimônia de posse de Trump. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do casal, também estará presente no evento.
Michelle afirmou que o marido está sendo perseguido e que “eles têm um certo medinho” de Bolsonaro por ser, em sua avaliação, o maior líder da direita brasileira. Ela, porém, não explicou a quem se referia ao insinuar que a popularidade do ex-presidente causa temor.
Bolsonaro, que está inelegível até 2030 devido a decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse esperar que a presença de Trump na presidência dos EUA possa colaborar com a democracia no Brasil, afastando inelegibilidades políticas como as suas. “Com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, afirmou o ex-presidente.
A negativa do STF em liberar Bolsonaro para a viagem ocorre em meio a investigações que apuram seu envolvimento em atos antidemocráticos e outras acusações criminais, todas negadas por ele. A decisão de Moraes reforça a postura do Judiciário brasileiro em responsabilizar líderes políticos por ações que atentem contra a ordem democrática, contrastando com a realidade dos Estados Unidos, onde Donald Trump retorna à presidência mesmo após enfrentar processos de impeachment e investigações judiciais.