Brasileiros mortos em combate na Ucrânia: o que os atrai para a guerra?

Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, pelo menos 12 brasileiros perderam a vida em combates no território ucraniano, conforme dados do Itamaraty.

Entre as vítimas estão ex-militares, policiais e até uma modelo, todos atraídos por diferentes motivações para participar de uma guerra distante mais de 10 mil quilômetros de suas casas.

O caso mais recente é o de Tiago Nunes, um jovem de 19 anos natural de Rurópolis, Pará, que atuava como voluntário nas forças de Kiev e morreu no final de novembro de 2024.

Antes dele, Antônio Hashitani, de 25 anos, estudante de medicina que abandonou o curso para se dedicar a projetos humanitários, perdeu a vida em agosto de 2023 na cidade de Artyomovsk.

Em junho de 2022, André Hack Bahi, de 43 anos, ex-combatente da Legião Estrangeira Francesa, foi morto na região de Severodonetsk enquanto tentava resgatar companheiros sob fogo cruzado.

No mês seguinte, Douglas Rodrigues Búrigo, ex-soldado do Exército Brasileiro, morreu durante um ataque aéreo russo em Kharkiv.

Ainda em julho de 2022, Thalita do Valle, modelo, advogada e sniper profissional, que já havia atuado como voluntária militar no Oriente Médio, morreu asfixiada em um bunker após um ataque de drone na mesma cidade.

A participação de brasileiros no conflito levanta questões sobre as motivações que os levam a se alistar em guerras estrangeiras.

Alguns são movidos por ideais políticos, outros buscam aventura ou a promessa de recompensas financeiras oferecidas por empresas de segurança privada que recrutam mercenários para atuar na região.

A mídia brasileira, com sua cobertura tendenciosa e, por vezes, romantizada do conflito, também desempenha um papel significativo ao influenciar a decisão desses indivíduos.

Relatos de “heroísmo” e a falsa percepção de facilidade nos combates podem criar uma imagem distorcida da realidade brutal enfrentada no front.

É importante destacar que, de acordo com o direito internacional, mercenários não são considerados prisioneiros de guerra, mas criminosos comuns.

Isso significa que brasileiros capturados podem ser julgados por tribunais nas regiões controladas pela Rússia, o que gera desconforto diplomático, considerando que Brasil e Rússia são membros do BRICS e mantêm relações bilaterais significativas.

O governo brasileiro desaconselha enfaticamente a ida de cidadãos para a região em conflito e enfrenta o desafio de monitorar e conter o fluxo de voluntários que, influenciados por diversos fatores, decidem se engajar em uma guerra que não diz respeito aos interesses nacionais do Brasil.

A morte desses brasileiros em solo ucraniano serve como um alerta sobre os perigos de se envolver em conflitos estrangeiros e a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre as verdadeiras motivações por trás dessas decisões.

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